Minamisanriku era uma pacata cidade costeira que vivia do turismo. Tinha 17 mil habitantes. Mas Minamisanriku não existe mais: foi destruída pelo tsunami que atingiu o Japão na sexta-feira. A cidadezinha estava perto demais do epicentro do furacão 80 quilômetros a separavam do ponto de onde saiu toda a energia do tremor, que gerou a onda gigante.
Além de ter sido destruída, Minamisanriku perdeu 10 mil habitantes. Restaram três prédios: um hospital, uma loja de artigos para casamento e um edifício residencial. E restaram 7 mil pessoas, que estão alojadas em abrigos. Talvez os 10 mil desaparecidos não estejam todos mortos. Podem ter fugido e se abrigado em casas de amigos em outras localidades da região.
As prefeituras estão fazendo o cadastramento de seus habitantes e pessoas de fora, que procuraram refúgio fora de seu local de origem, para que o governo japonês possa chegar a uma estatística mais realista sobre o número de vítimas. Paralelamente, as equipes de resgate circulam pelas áreas cobertas de detritos em busca de corpos.
A jornalista Judith Kawaguchi, repórter da rede de televisão NHK em Minamisanriku, postou no Twitter sua dramática descrição do que viu: "10 mil pessoas desaparecidas, horrível, toda a cidade desapareceu. Estrada quebrada em pedacinhos, em lama, tudo é lama, tudo acabou. Incrível devastação".
Segundo a rede BBC, 40 quilômetros mais ao norte, outro balneário turístico, Kesennuma, também foi fortemente atingida pelas ondas e parece ter passado pelo apocalipse. Dos seus 74 mil habitantes, há milhares desaparecidos.
Ontem, um homem de 60 anos, Hiromitsu Shinkawa, foi encontrado no mar, a 15 quilômetros da costa, flutuando sobre restos de sua casa. Ele estava desde sexta-feira a espera de ajuda e contou que, após o terremoto, voltou para casa junto com a esposa para ver o que havia sobrado, quando foram pegos pelo tsunami. A esposa continua desaparecida.
A situação é parecida em todas as cidades da costa nordeste do Japão. Na região, mais de 215 mil pessoas estão vivendo em 1350 abrigos temporários criados por cinco prefeituras, segundo informação da polícia japonesa. Essas pessoas entram em filas para receber água potável e porções de arroz.
Também há filas para conseguir combustível nos postos que ainda estão em funcionamento e para comprar alimentos. Como muitas famílias não podem cozinhar em casa, a procura por alimentos prontos é muito grande e o comércio que ainda está em funcionamento apresenta sinais de desabastecimento.
O governo japonês deslocou 50 mil pessoas de sua defesa civil e vai enviar 40% de suas Forças Armadas para a região atingida pelo tsunami.
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