Uma espaçonave dos Estados Unidos concebida para um dia levar astronautas a Marte caiu com precisão quase absoluta no oceano Pacífico nesta sexta-feira (5), finalizando um primeiro teste de voo não tripulado impecável ao redor da Terra.
A cápsula Orion partiu a bordo de um foguete Delta 4 Heavy, o maior da frota norte-americana, pouco depois do amanhecer da Estação da Força Aérea do Cabo Canaveral, no Estado da Flórida. Três horas depois, chegou à altitude máxima de 5.800 quilômetros acima do planeta, um prelúdio da parte mais desafiadora do voo, um mergulho de volta à atmosfera a 32 mil quilômetros por hora.
A Orion sobreviveu à queda, alcançando uma temperatura de 2.200 graus Celsius - duas vezes mais quente que a lava vulcânica - e tolerando forças gravitacionais oito vezes mais fortes que as da Terra.
Ao longo dos minutos seguintes, um total de 11 paraquedas foi acionado para frear a descida da cápsula, incluindo três paraquedas principais gigantescos que direcionaram a espaçonave para um pouso na água a 32 quilômetros por hora, 1.014 quilômetros ao sudoeste de São Diego, na Califórnia, às 11h29 pelo horário local.
"Acho que é um grande dia para o mundo, para as pessoas que conhecem e gostam do espaço", disse o administrador da Agência Espacial dos EUA (Nasa, na sigla em inglês), Charles Bolden, antes do lançamento.
O objetivo do teste de voo, que custou à Nasa cerca de 375 milhões de dólares, era verificar se o escudo anticalor de cinco metros, os paraquedas, o sistema de aviação e outros equipamentos da Orion funcionariam como planejado antes de a espaçonave receber os astronautas.
A Nasa vem desenvolvendo a Orion, assim como um novo foguete para grandes cargas, há mais de oito anos. O desenho do foguete mudou, e a Orion não somente sobreviveu ao cancelamento de um programa de exploração lunar chamado Constellation como se tornou o item principal de uma nova iniciativa espacial que pretende um dia conduzir astronautas a Marte.
A Nasa gastou mais de US$ 9 bilhões desenvolvendo a Orion, construída pela Lockheed Martin, que fará um segundo teste de voo, ainda sem tripulantes, em cerca de quatro anos.
Uma terceira missão, planejada para aproximadamente 2021, irá incluir dois astronautas em um voo que irá lançar a cápsula ao redor da lua. Desde o fim do programa lunar Apollo, em 1972, os astronautas só voaram algumas centenas de quilômetros acima da Terra.