O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, recebeu o juramento de dois vice-presidentes nesta terça-feira (13), após ter dito que seu partido controlará os ministérios mais importantes do país, o que levou a uma condenação imediata da União Européia (UE) e deixou as negociações com os partidos de oposição à beira do colapso. Depois de o líder da oposição Morgan Tsvangirai ter ameaçado deixar as negociações, o ex-presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, que conseguiu mediar um acordo entre Mugabe e a oposição, pegou um avião às pressas para Harare para salvar o pacto original.
A UE condenou a medida unilateral de Mugabe. O secretário do Exterior britânico, David Miliband, afirmou que os europeus não "tomarão parte na tomada de poder pelo regime de Mugabe". "É importante que ocorra uma resposta internacional unida que afirme que os resultados das eleições precisam ser respeitados e que uma tomada de poder não será respeitada", disse Miliband, em Luxemburgo.
Enquanto os políticos do Zimbábue brigam entre si, metade da população do país - 5,1 milhões de pessoas - é ameaçada pela fome, dois terços das crianças estão fora da escola e o desabastecimento de água potável levou a surtos de cólera em três regiões, segundo as agências humanitárias. A inflação é de 231.000.000% ao ano, de acordo com as informações oficiais.
Mbeki pegou um avião para o Zimbábue hoje, após todos os partidos terem pedido a intervenção do político sul-africano, disse o seu porta-voz, Mukoni Ratshitanga. Mbeki tem sido o principal negociador na disputa que irrompeu depois das eleições que deram mais votos ao partido de Tsvangirai.
O acordo
Em 15 de setembro, Mbeki persuadiu Mugabe e a oposição a aceitarem um acordo de divisão de poder, com a oposição ganhando 16 assentos no gabinete de governo e o partido de Mugabe mantendo 15. Mas governo e oposição ainda precisam acertar detalhes do pacto, sobre quais ministérios ficarão com quais partidos.
Uma lista oficial do gabinete foi publicada no sábado, dando ao partido de Mugabe os ministérios da Defesa, do Interior e do Exterior, da Justiça, da Mineração e Terras, entre outros. A lista dá à oposição ministérios secundários, como Assuntos Constitucionais e Gerência do Sistema Hídrico. "Isso não é divisão de poder, isso é tomada de poder", disse ontem Tsvangirai a milhares de partidários. Ele afirmou que os zimbabuanos estão dispostos "a sofrer um pouco mais" e conseguir um acordo mais justo. Milhares de pessoas levantaram as mãos em aprovação.
Ministros da UE alertaram Mugabe que eles observam com atenção a implementação do acordo, assinado por ele e Tsvangirai. Eles disseram que as sanções continuarão a vigorar sobre o Zimbábue até que o acordo seja implementado de maneira adequada. "As coisas não vão bem e nós estamos preocupados com a situação. Certamente, não abandonaremos Tsvangirai", disse o chanceler francês Bernard Kouchner.
Sem cooperação
A oposição informou hoje que o fato de Mugabe dar posse a dois vice-presidentes mostra que ele não age com espírito cooperativo. Joyce Mujuru e Joseph Msika foram reconduzidos aos cargos de vice-presidente, em uma simples cerimônia em escritórios do governo. Os cargos de vice não estavam na disputa política e de acordo com o pacto fechado com a oposição deveriam ir mesmo para o partido de Mugabe. De qualquer maneira, Nelson Chamisa, porta-voz da oposição, disse que Mugabe não trabalha "com o espírito para o bem comum", previsto no acordo. "Esse unilateralismo vai esmagar o Zimbábue.
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