O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, advertiu nesta quarta-feira (13) que um "mau acordo" entre as potências mundiais e o Irã sobre o programa nuclear iraniano poderia levar à guerra.
O governo israelense afirmou que a oferta sobre a mesa, para o que Washington chama de uma "modesta" amenização das sanções, iria, na verdade, neutralizar até 40% do impacto das sanções, reduzindo a pressão sobre Teerã para abandonar um programa nuclear que o Ocidente e Israel acreditam ser para a construção de uma bomba atômica.
Israel vem fazendo um lobby duro contra o acordo proposto que iria inicialmente oferecer alívio parcial das sanções em troca de algumas medidas do Irã para restringir suas atividades nucleares.
As negociações entre o Irã e as seis potências mundiais --Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Rússia e China-- não chegaram a um acordo em Genebra no sábado, mas devem ser retomadas em 20 de novembro, com ambos os lados dizendo que estão otimistas.
Diplomatas envolvidos no processo não quiseram comentar a avaliação israelense de como um acordo poderia afetar as sanções, dizendo que os termos de qualquer acordo eram incertos e ainda secretos.
O Irã diz que seu programa nuclear é pacífico. Os Estados Unidos e a União Europeia acreditam que o país queira desenvolver uma bomba nuclear e impuseram duras sanções contra os setores financeiro e de petróleo no ano passado que causaram graves danos econômicos.
Dirigindo-se ao Parlamento israelense em Jerusalém, Netanyahu disse que a continuada pressão econômica sobre o Irã era a melhor alternativa a duas outras opções, que ele descreveu como um mau acordo e a guerra.
"Eu chegaria a dizer que um mau acordo pode levar à segunda e não desejada opção", ele disse, querendo dizer a guerra.
Israel, apontado como a única potência nuclear no Oriente Médio, há tempos diz que se reserva o direito de usar a força para evitar que o Irã obtenha uma arma nuclear.
Entretanto, muitos especialistas militares duvidam que Israel tenha a capacidade de destruir as instalações nucleares do Irã sem a ajuda norte-americana.
Washington diz que é importante buscar uma solução negociada, principalmente já que o Irã elegeu neste ano um presidente relativamente moderado, Hassan Rouhani.
Os Estados Unidos mantêm que qualquer mudança inicial nas sanções seria modesta e reversível, mas Israel diz que os benefícios ao Irã seriam maiores e que as medidas que Teerã tomaria pouco fariam para conter suas ambições.
O principal encarregado por Netanyahu para questões iranianas, o ministro das Questões Estratégicas, Yuval Steinitz, disse que o pacote de alívio oferecido ao Irã como parte das negociações poderia valer até 40 bilhões de dólares.
Negociações secretas
Ele afirmou que Israel acreditava que as sanções colocadas em vigor pelos EUA e pela União Europeia no ano passado custaram à economia do Irã cerca de 100 bilhões de dólares por ano, ou quase um quarto de sua produção.
"O alívio das sanções vai reduzir diretamente entre 15 e 20 bilhões de dólares dessa quantia", disse Steinitz nesta quarta-feira em um evento organizado pelo Jerusalem Press Club.
Ele acrescentou que as alterações propostas também tornariam mais difíceis aplicar sanções de modo geral, proporcionando um benefício total a Teerã de até 40 bilhões de dólares.
"O dano às sanções gerais, acreditamos, será algo entre 20 bilhões de dólares e talvez até 40 bilhões de dólares", disse. "Isso é muito significativo. Não são todas as sanções. Não são as sanções principais sobre exportações de petróleo e sistema bancário, mas é um alívio muito significativo para os iranianos".
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