Homens e meninos são submetidos a jornadas de trabalho de 18 a 20 horas em alto-mar; no alto, tripulação de migrantes do Camboja, alguns deles com apenas 15 anos de idade| Foto: Adam Dean/The New York Times

A longa provação de Lang Long começou na traseira de um caminhão. Depois de ver seus irmãos mais novos passarem fome porque o campo de arroz de sua família no Camboja não era suficiente para todos, ele aceitou a oferta de um traficante para cruzar a fronteira da Tailândia para trabalhar na construção.

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Era sua chance de recomeçar. No entanto, quando chegou no país, passou dias vigiado por homens armados em uma sala perto do porto em Samut Prakan, a cerca de 20 quilômetros de Bancoc. Depois, foi colocado com outros seis imigrantes em um barco de madeira decrépito. Foi o início de três anos brutais em cativeiro no mar.

“Eu chorei”, disse Long, 30, contando que foi revendido duas vezes entre barcos pesqueiros. Depois de suas várias tentativas de fuga, o capitão o amarrava pelo pescoço sempre que outros barcos se aproximavam.

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A embarcação em que Long trabalhou pescava principalmente peixes pequenos e de baixo valor usados na fabricação de ração para gatos, cães, aves, porcos e peixes criados em cativeiro. Grande parte dessa pesca provém das águas ao largo da Tailândia e é vendida para os EUA.

As vítimas do trabalho forçado no mar parecem escravos de outra era. Os homens e meninos que conseguem fugir contam histórias terríveis: marinheiros doentes são atirados ao mar, e os rebeldes são decapitados ou ficam trancados durante dias em porões.

A violência se intensificou nos últimos anos, segundo autoridades, como resultado das fracas leis trabalhistas marítimas e da demanda global insaciável por alimentos marinhos, apesar de os estoques de pescado estarem se esgotando.

A indústria pesqueira está cada vez mais dependente da pesca de longos percursos, em que os barcos ficam no mar, às vezes durante anos, fora do alcance das autoridades. Com o aumento dos preços do combustível e menos peixes perto do litoral, os especialistas preveem que os barcos tendem a se aventurar cada vez mais longe, aumentando as chances de maus-tratos aos trabalhadores. “A vida no mar é barata”, disse Phil Robertson, da ONG Human Rights Watch. “E as condições lá são cada vez piores.”

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Em nenhum lugar o problema do trabalho forçado é mais acentuado do que no mar do Sul da China, especialmente na frota pesqueira tailandesa, que enfrenta uma escassez anual de cerca de 50 mil marinheiros, segundo a ONU. O deficit é preenchido basicamente por migrantes, a maioria de Camboja e Mianmar.

Muitos deles, como Long, são atraídos por traficantes e se tornam “escravos do mar” em campos de trabalho flutuantes. Muitas vezes eles são espancados por qualquer transgressão, como costurar muito devagar uma rede rasgada ou colocar por engano uma cavala em um balde de arenques, segundo uma pesquisa da ONU com cerca de 50 cambojanos adultos e crianças vendidos para barcos pesqueiros tailandeses. Dos entrevistados na pesquisa de 2009, 29 disseram que tinham visto o capitão ou outros oficiais matarem um trabalhador.

Os migrantes, que não têm documentos, desaparecem além do horizonte em “navios-fantasmas” —barcos não registrados que o governo tailandês não sabe que existem.

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Geralmente eles não falam a língua de seus capitães, não sabem nadar e nunca viram o mar antes de serem levados ao litoral, segunda entrevistas realizadas com 40 marinheiros e ex-tripulantes na Malásia, na Tailândia e na Indonésia.

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A intervenção do governo tailandês é rara. Os migrantes muitas vezes contam que foram resgatados pela polícia de um contrabandista apenas para serem revendidos a outro.

Long não sabia para onde ia o peixe que apanhava. Ele soube, porém, que a maior parte do peixe do último barco onde ele esteve detido se destinava a uma indústria de processamento chamada Songkla, que é uma subsidiária da Thai Union Frozen Products, a maior empresa de alimentos marinhos do país. No último ano, a Thai Union enviou mais de 12 toneladas de rações à base de peixe para gatos e cães para algumas das principais marcas vendidas nos Estados Unidos, como Iams, Meow Mix e Fancy Feast.

Ritmo brutal de trabalho

É difícil exagerar os riscos da pesca comercial. Em dois dias passados a mais de 160 quilômetros do litoral em um barco de pesca tailandês com cerca de 25 meninos cambojanos, alguns com apenas 15 anos, a reportagem testemunhou o ritmo brutal desse trabalho.

Sob sol ou chuva, os turnos são de 18 a 20 horas. A temperatura no verão passa de 38°C. O convés é uma corrida de obstáculos de cordas emaranhadas, guindastes e pilhas de redes de 225 quilos. A água que borrifa do oceano e as vísceras de peixes deixam o piso escorregadio, e a maioria dos meninos trabalha descalça. O navio balança muito, especialmente em mar agitado e com ventos fortes.

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Grande parte do trabalho ocorre em plena escuridão. Muitos barcos jogam suas redes de cerco à noite, quando é mais fácil localizar os peixes visados —principalmente cavalas e arenques.

Quando não estão pescando, os cambojanos, a maioria dos quais recrutada por traficantes, separa o pescado e conserta as redes, que costumam sofrer rasgões.

Um menino de 17 anos mostrou com orgulho sua mão em que faltavam dois dedos —cortados por uma linha de náilon que se enrolou em uma roldana.

As mãos dos migrantes, que quase nunca estão secas, têm feridas abertas, cortes feitos pelas escamas de peixes e pelo atrito das redes. “O peixe está dentro de nós”, disse um dos meninos. Eles mesmos suturam os cortes mais profundos, e as infecções são comuns.

A frota de pesca comercial da Tailândia consiste predominantemente de traineiras de fundo, chamadas de “destruidoras do mar” porque usam redes de arrasto, com pesos para afundar até o leito oceânico, capturando quase tudo em seu caminho. Os barcos com redes de cerco (redes circulares para apanhar peixes mais próximos da superfície), como esse onde os cambojanos trabalham, também são comuns. Depois que as redes são puxadas para cima, elas são fechadas no topo, como antigas bolsas para moedas.

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Antes de chegar ao navio, a maioria dos cambojanos nunca tinha visto uma superfície de água maior que um lago. Os poucos que sabiam nadar tinham de mergulhar no mar para garantir que a boca das redes de 15 metros havia se fechado adequadamente. Se um deles se emaranhasse na rede e afundasse, provavelmente ninguém perceberia de imediato.

O trabalho é frenético e ruidoso, pois os meninos cantam em uníssono enquanto puxam as redes.

As refeições consistem em uma tigela de arroz por dia, salpicada de lulas fervidas ou outros peixes de baixo valor. As cozinhas são cheias de baratas.

Os membros da tripulação dormem em turnos de duas horas, amontoados em um espaço quente e baixo. Muitos corpos dividem o mesmo ar, deitados em redes de pesca penduradas do teto a menos de dois metros de altura. As turbinas do motor pulsam incessantemente, sacudindo o convés de madeira do navio. De vez em quando, o motor cospe uma nuvem preta de fumaça nos dormitórios.

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Essas condições, típicas dos barcos de pesca de longo percurso, são parte do motivo pelo qual a frota de pesca tailandesa sofre uma falta crônica de homens.

A Tailândia tem um dos mais baixos índices de desemprego do mundo —geralmente menos de 1%—, o que significa que os trabalhadores nativos não têm dificuldade para encontrar empregos mais fáceis e mais bem pagos em terra.

A servidão consentida —um sistema de trabalho de “viaje agora e pague depois”, em que as pessoas trabalham para saldar a dívida, geralmente acrescida, para conseguir passagem livre para outro país— é comum no mundo em desenvolvimento, especialmente na construção, na agricultura, na manufatura e na indústria do sexo. Porém, é mais generalizada e abusiva no mar, segundo especialistas em direitos humanos, porque esses trabalhadores ficam muito isolados.

Historicamente, os capitães de barcos tailandeses pagavam grandes adiantamentos aos marinheiros, para que eles pudessem sustentar suas famílias durante sua longa ausência. Porém, a crise de mão de obra no país transformou isso em um preço per capita (ou taxa “kha hua”) pago aos contrabandistas que atravessam os trabalhadores na fronteira.

O mestre da tripulação tailandesa do barco, Tang, fez uma lista das pressões que sofrem os capitães de alto-mar. O custo do combustível consome cerca de 60% da renda de um barco, o dobro de duas décadas atrás. Quando os peixes são apanhados, armazená-los em gelo é uma corrida contra o relógio. Conforme o peixe se aquece, seu conteúdo de proteína diminui, reduzindo o preço de venda.

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Os capitães temem suas tripulações tão intensamente quanto as comandam. As barreiras da língua e cultura criam divisões. A maioria dos barcos tem três oficiais tailandeses e marinheiros estrangeiros. O capitão anda armado, em parte por causa da ameaça de piratas, mas também por medo de motins.

As histórias de trabalho forçado nem sempre são o que parecem, segundo o capitão do barco, que insistiu em manter o anonimato como condição para permitir o embarque do repórter. Alguns trabalhadores se inscrevem por vontade própria, mas mudam de ideia quando estão no mar, enquanto outros inventam histórias de maus-tratos na esperança de voltar para suas famílias, disse.

Ainda assim, meia dúzia de outros capitães reconheceram que o trabalho forçado é comum.

Histórico de abusos

Os contramestres sempre têm anfetaminas para que os trabalhadores aguentem por mais tempo, mas raramente eles usam antibióticos em ferimentos infeccionados. Antigos marinheiros descreveram “ilhas-presídios” —geralmente atóis desabitados que se contam a centenas no mar do Sul da China. Os capitães de pesca às vezes deixam suas tripulações nessas ilhas durante semanas, enquanto seus barcos são levados ao porto para reparos.

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Outras ilhas, habitadas, mas inóspitas, também são usadas para deter membros da tripulação.

Trabalhadores em pesqueiros em uma ilha da Indonésia chamada Benjina eram mantidos em jaulas para impedir sua fuga, relatou a agência Associated Press.

Inacessível por barco durante vários meses por ano por causa das monções, Benjina tinha uma pista aérea raramente usada e nenhum serviço de telefonia ou internet.

Pak, um cambojano de 38 anos que fugiu de uma traineira tailandesa no ano passado, foi parar nas ilhas Kei, no mar de Banda, no leste da Indonésia. “Você pertence ao capitão”, disse Pak, que viu um homem tão desesperado que saltou ao mar e se afogou.

Os críticos acusam a Tailândia pelo que consideram uma falha deliberada em atacar as principais causas dos abusos cometidos na pesca. Comparada a seus vizinhos, a Tailândia tem regras menos estritas sobre quanto tempo os barcos podem permanecer no mar.

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Outra indústria tailandesa em que o trabalho forçado é comum é a do sexo, disse Robertson, da HRW. As duas indústrias se cruzam em cidades pobres como Ranong, na fronteira entre Tailândia e Mianmar. Corretores de mão de obra operam com impunidade nessas cidades. Os bares de karaokê funcionam como bordéis e armadilhas de dívida.

Nas tavernas, as garotas são baratas. Porém, para os homens empobrecidos, na maioria birmaneses, algumas noites podem ser uma quantia régia. Para saldar essas dívidas, os migrantes às vezes são vendidos para trabalhar no mar.

É difícil verificar os barcos quanto a abusos aos direitos humanos. Oficiais das Marinhas da Tailândia, da Malásia e da Indonésia disseram que raramente inspecionam violações de trabalho e imigração. As autoridades dizem que não têm barcos nem combustível necessários para alcançar os navios com maior tendência a usar mão de obra cativa.

Dormitório em uma traineira 

Oferta e demanda

O barco que levou Long ao cativeiro e posteriormente o resgatou era conhecido como “nave-mãe”.

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Carregando de tudo, desde combustível e comida extra a redes avulsas e mão de obra substituta, esses navios vagarosos, muitas vezes com mais de 30 metros de comprimento, funcionam como lojas de suprimentos ambulantes.

As naves-mães são o motivo pelo qual as traineiras podem pescar a mais de 2.000 quilômetros da terra. Elas permitem que os pescadores fiquem no mar durante meses ou anos.

Quando uma carga de peixe é transferida para uma nave-mãe, quase não há como determinar sua proveniência. A cadeia de suprimento para as 25 milhões de toneladas de peixes miúdos apanhados anualmente em todo o globo —cerca de um terço de todo o pescado capturado no mar e grande parte dele usado em rações para animais— é quase invisível.

Sasinan Allmand, da Thai Union Produtos Congelados, disse que sua companhia faz auditorias rotineiras em suas fábricas e nos barcos atracados para garantir que não haja trabalho forçado e infantil. As auditorias envolvem verificação dos contratos da tripulação, passaportes, recibos de pagamento e condições de trabalho. Questionada se as auditorias são conduzidas nos barcos de pesca que ficam em alto-mar, ela não quis responder.

Os defensores de direitos humanos pedem mais fiscalização, a exigência de que todos os barcos de pesca comercial tenham transmissores de sinais eletrônicos para monitoramento e a proibição do sistema de longas estadias no mar. No entanto, suas demandas tiveram pouca repercussão.

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Algumas empresas de rações para animais estão tentando parar de usar peixes. A Mars Inc., que vendeu mais de US$ 16 bilhões em comida para animais de estimação em todo o mundo em 2012, aproximadamente um quarto do mercado mundial, substituiu a carne de peixe em alguns de seus produtos. Até 2020, a companhia pretende usar apenas peixes não ameaçados, apanhados legalmente ou criados em fazendas e certificados como não ligados ao trabalho forçado.

Resgate

Em Songkha, na costa sudeste da Tailândia, Suchat Junthalukkhana folheou um grosso fichário, cada página com uma foto de um marinheiro que sua organização, a Stella Maris Seafarers Center, havia ajudado. “Recebemos um novo caso toda semana.”

O destino dos homens que escapam dos barcos de pesca muitas vezes depende de encontros casuais com desconhecidos altruístas que fazem contato com o Stella Maris ou outros grupos que formam um sistema anônimo que abrange Malásia, Indonésia, Camboja e Tailândia.

Um desses salvadores inadvertidos foi Som Nang, 41, que disse que seu nome significa “boa sorte” em khmer. Tendo trabalhado nos cais durante vários anos, Som Nang já tinha ouvido histórias sobre a brutalidade nos barcos de pesca. Porém, nada o preparou para o que ele testemunharia em sua viagem de estreia em uma nave-mãe no final de 2013.

Depois de uma viagem de quatro dias, o barco de suprimentos de Som encostou em uma traineira dilapidada com bandeira tailandesa. A tripulação eram oito homens que tinham terminado duas semanas de pesca em águas indonésias, sem a permissão necessária.

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Foi difícil não notar Long, agachado perto da proa do pesqueiro, disse Som Nang. Ao redor de seu pescoço machucado, havia um colar de metal enferrujado, preso a uma corrente de um metro enrolada em um poste de ancoragem. Long olhava sem piscar para qualquer um que fizesse contato visual. “Por favor, ajude-me”, murmurava, segundo Som Nang, que também é cambojano.

Isso foi 30 meses depois que Long conheceu um traficante na fronteira tailandesa-cambojana durante uma festa. Long disse que não pretendia trabalhar na Tailândia, mas a oferta de emprego foi atraente. Quando, em vez disso, ele chegou a um porto perto de Samut Prakan, o traficante o vendeu para um capitão de navio por cerca de US$ 530, menos que o preço de um búfalo. Ele foi obrigado a entrar em um barco e enviado para oeste durante quatro dias.

Um relatório da polícia mais tarde descreveu seu relato da chegada ao cativeiro: “Três barcos de pesca cercaram o barco de suprimentos e começaram a lutar por Long”, diz o relatório. Discussões semelhantes irromperam um ano depois, quando Long foi vendido novamente no meio da noite entre traineiras.

Quanto mais tempo ele passava nos barcos, mais sua dívida ao traficante deveria diminuir, melhorando suas perspectivas de libertação. No entanto, aconteceu o contrário, explicou Long.

Long disse que muitas vezes pensou em saltar no mar para fugir. No entanto, ele não sabia nadar e nenhuma vez viu terra durante o tempo que ficou no mar. Por mais que temesse os capitães, o oceano o assustava ainda mais. As ondas, às vezes de 15 metros de altura, sacudiam o barco e invadiam o convés.

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Quando o barco de Som Nang apareceu, Long estava usando o colar intermitentemente havia cerca de nove meses. O capitão geralmente o prendia uma vez por semana, sempre que outros barcos se aproximavam.

Som Nang disse que perguntou por que Long estava acorrentado. “Porque ele fica tentando fugir”, respondeu o capitão, segundo Som. Depois de voltar ao porto, ele contatou a Stella Maris, que começou a levantar os 25 mil baht, ou aproximadamente US$ 750, necessários para comprar a liberdade de Long.

Nos vários meses seguintes, Som reabasteceu o pesqueiro duas vezes. Em ambas Long estava acorrentado. Som disse que tentou discretamente tranquilizá-lo, dizendo que estava trabalhando para libertá-lo.

Em abril de 2014, o cativeiro de Long terminou da maneira menos dramática. Som Nang levou um saco de papel cheio de dinheiro tailandês do Stella Maris até um ponto de encontro no meio do mar do Sul da China, aproximadamente a uma semana de viagem do litoral.

Depois de trocarem poucas palavras, o dinheiro foi entregue ao capitão de Long. Com sua dívida paga, Long, muito magro, embarcou no barco de Som e começou a jornada de volta à terra firme e à esperança de chegar em casa.

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Long está no processo de repatriação para sua aldeia natal, Koh Sotin, no Camboja.

Ele disse que tentou manter um registro dos dias e meses passados no mar fazendo marcas na grade de madeira. Mas, afinal, desistiu. “Achei que nunca mais veria a terra de novo.”

Colaboraram Kitty Bennett e Susan C. Beachy