Com o clicar de um botão, a internet pode enxugar e padronizar uma experiência de compra. Mas alguns empreendedores querem atrair consumidores interessados em algo um pouco mais pessoal.

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A start-up chinesa Smartisan, que produz celulares, tem uma identidade corporativa que às vezes parece tudo, menos corporativa. Seu presidente, Luo Yonghao, tem fama de não hesitar em expressar suas ideias, e seus discursos amigáveis e presença nas mídias sociais (ele tem 10,6 milhões de seguidores no Weibo) ajudaram a criar uma base de fãs à procura de telefones com personalidade.

“Antigamente, todo mundo queria produtos de grife e artigos de luxo”, disse ao jornal “The New York Times” Ruby Lu, sócia da empresa de capital de investimentos DCM. Hoje, porém, os mais jovens “querem um produto que os defina, que se comunique com eles. Querem rejeitar a definição convencional de quem são.”

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Ainda há muitas pessoas que acompanham o rebanho. Na varejista britânica Roman Originals, um único vestido foi responsável por 60% das transações fechadas, um dia depois de suscitar uma discussão mundial nas mídias sociais sobre suas cores (o vestido era preto e azul, mas muitos internautas o viam nas telas como branco e dourado).

Mas a popularidade pode dissuadir pessoas que estão em busca de algo mais autêntico.

O mercado on-line Etsy é voltado a compradores interessados em produtos vintage ou caseiros, com um toque pessoal. Hoje, porém, há tensão entre pessoas cujas vendas estão indo bem e procuram ajuda externa para poder continuar a suprir a demanda, e, por outro lado, outras que se mostram seletivas em relação ao que é ou não caseiro.

“Por sua própria definição, produtos caseiros não podem ser multiplicados ao infinito”, disse Grace Dobush, que vendeu no Etsy por muito tempo, mas fechou sua loja em novembro. “O Etsy está crescendo e ficando mais como o eBay.”

Para sua loja no Etsy, Kyoko Bowskill trabalha com artistas independentes para criar desenhos para tecidos japoneses “furoshiki”, usados para embalar objetos. Em seguida, ela deixa a manufatura dos tecidos por conta de uma empresa familiar nos arredores de Tóquio que é especializada nos métodos de tingimento tradicionais. Ela disse que é a favor de vendedores no Etsy aumentarem sua produção para atender à demanda.

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“O Etsy não deve girar em torno de uma pessoa isolada que fabrica seus produtos sozinha, sem ter tempo para dormir”, disse. “Estamos formando um negócio viável. Mas isso não significa que estejamos fazendo manufatura em massa.”

Em Nova York, Maxine Bédat e Soraya Darabi comandam a loja varejista on-line Zady, que vende roupas e artigos para o lar e o escritório. Mas elas pesquisam os processos de produção e os modelos econômicos das empresas cujos produtos vendem, para analisar sua ética. No site, elas compartilham as histórias das empresas com os consumidores, na seção “Beyond the Label”.

Bédat contou que os consumidores estão mais conscientes dos custos éticos e ambientais do consumismo. Quando adquirem produtos de marcas que funcionam dentro de um quadro ético, disse ela, os fregueses “aderem a um conjunto de valores”.

A transparência por trás das narrativas dos produtos é acompanhada por fregueses “engajados e fiéis”.

“Contamos uma história”, disse Bédat. “As pessoas sentem uma conexão e querem fazer parte.”

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