A Nike lançou recentemente uma versão atualizada e mais confortável do velho tênis de basquete de lona conhecido como “Converse Chuck Taylor All Star”.
O Chuck —nome usado por seus milhões de devotos nos EUA— vem em muitas cores e modelos. Wilt Chamberlain usou um deles em 1962 quando marcou cem pontos em um único jogo de basquete. Andy Warhol usava o seu quando pintava latas de sopa e celebridades. James Dean, Elvis Presley, Billy Joel, Sid Vicious, Kurt Cobain, Patti Smith, Common e M.I.A., todos o usaram. Como Levi’s e Coca-Cola, o tênis Converse é um símbolo global da cultura pop norte-americana.
Mas o Chuck Taylor não traz o nome nem o logo da Nike. Apenas o nome Converse, uma empresa de Massachusetts que a Nike comprou em 2003, dois anos depois que ela decretou falência. A Nike tenta preservar a estética retrô do Converse porque é um bom negócio: o Chuck Taylor tornou-se uma fonte importante no crescimento de receitas e lucros da empresa.
A Nike cometeu alguns erros ao longo dos anos, mas o venerável Chuck Taylor é um de seus sucessos. O tênis de basquete de lona ajuda a fazer da Nike uma das empresas de melhor desempenho no índice de ações da Standard & Poor’s 500, com um retorno total de 20,5% neste ano, em comparação com 3,4% do índice. Nos últimos cinco anos, as ações da Nike valorizaram quase duas vezes mais do que o índice, com um retorno total de 214%.
Há muitas razões para isso. Para os fashionistas e atletas mais velhos, as escolhas da Nike para o Converse são ótimas. Para estudantes de Economia, a batalha da Nike para chegar ao topo da indústria do vestuário esportivo é uma das histórias mais poderosas entre as empresas americanas.
Apesar da longa história do Converse, a empresa era relativamente pequena em julho de 2003, quando, de acordo com registros corporativos, a Nike concordou em pagar US$ 305 milhões em dinheiro para comprá-la. Hoje, a Converse é responsável, surpreendentemente, por grande parte da receita total da Nike e, em especial, por seus lucros, de acordo com suas demonstrações financeiras. No ano fiscal de 2015, a receita da Converse se aproximou dos US$ 2 bilhões, quase dez vezes mais do que em 2002. A receita total da Nike cresceu também, mas em um ritmo mais lento, para US$ 30,6 bilhões.
Geoff Cottrill, vice-presidente e gerente da Converse, confirmou que, embora a empresa faça outros tipos de tênis, o Chuck Taylor é seu motor propulsor.”Posso dizer aonde vamos e de onde viemos. A Converse é uma história de crescimento positivo para a Nike Inc”, disse. A Converse vende aproximadamente 100 milhões de pares de Chuck Taylors por ano, segundo Cottrill.
Com ajustes sutis, o tênis parece muito com o Chuck Taylor original, que chegou à sua forma atual em 1934, e com os primeiros All Stars, que foram feitos em 1917. “Para os tênis de basquete, eles são os originais em muitos aspectos”, disse Elizabeth Semmelhack, curadora da mostra “The Rise of Sneaker Culture”, no Museu de Brooklyn, onde um par de 1917 está em exibição.”A arquitetura do All Star, em alguns aspectos, permaneceu inalterada desde 1917.”
O modelo novo, conhecido como Chuck Taylor All Star II, contém tecnologia de amortecimento Lunarlon, comum nos tênis da Nike. Em vários tamanhos e cores, o novo Chuck Taylor, que custa US$ 20 a mais do que os clássicos, esgotou em 24 horas na loja on-line. Um par de cano curto branco custa US$ 70 dólares na loja Converse em Nova York.
Elizabeth diz que a Converse parece ter tomado uma decisão cultural. Na década de 1970, quando o status do Chuck Taylor em jogos de basquete diminuiu, disse ela, ele se tornou o calçado preferido dos músicos.”Era a versão punk dos valores antimoda, antissistema.”
Com tantos modelos de tênis no mercado agora, disse, “Acho que há espaço para uma espécie de versão ‘luxo’ do Chuck Taylor”.Mas sua força — e, até agora, sua fraqueza — é que ele é, basicamente, um tênis simples de lona e borracha.
Converse quer crescer ainda mais. Se for cuidadosa, pode conseguir.