| Foto: Andrew Rae/The New York Times

Depois de passar décadas estudando o conceito de “mate value” (valor como parceiro reprodutivo), os cientistas sociais hoje têm os dados necessários para explicar a escolha em uma história como “Orgulho e Preconceito”.

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No romance de Jane Austen, o Sr. Darcy, alto e bonitão, a princípio critica a aparência de Elizabeth Bennet: “Ela é até passável, mas não bela o bastante para me entusiasmar. Para piorar, o status social de sua família está, sem dúvida, bem abaixo do da minha”.

Sua reação inicial faz todo o sentido para os psicólogos evolucionistas, pois essas preferências podem aumentar as chances de transmissão dos próprios genes. Beleza e harmonia física são marcas da “boa forma genética” do parceiro; o prestígio e a riqueza só servem para tornar possível a chegada dos filhos à idade adulta.

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Os pesquisadores descobriram que pessoas de valores semelhantes como parceiros reprodutivos têm a tendência de acabarem juntas.

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Para testar o nível de superficialidade geral, os psicólogos da Universidade do Texas em Austin pediram aos alunos que avaliassem o apelo romântico dos colegas de classe do sexo oposto.

No início do semestre, quase todo mundo foi unânime na definição dos que eram mais desejáveis; porém, quando tiveram que responder a mesma pergunta três meses depois, o julgamento passou a variar muito.

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“Essas mudanças de opinião significam que há poucos perdedores no jogo da sedução; nem todo mundo está de olho na mesma pessoa. Conforme cai o consenso sobre os mais atraentes, cai também o nível de competição”, observa Paul Eastick, professor assistente que publicou o estudo no ano passado.

Para testar o fenômeno, o Dr. Eastwick se uniu a Eli Finkel, professor da Universidade Northwestern, de Illinois, em um estudo sobre casais publicado on-line na Psychological Science do mês passado.

Alguns já estavam casados há cinco décadas; outros, namoravam há poucos meses. O experimento descobriu que, se tivessem começado a sair depois de menos de um mês de terem se conhecido, a tendência era a de se sentirem atraídos um pelo outro em partes iguais; se tivessem sido amigos por algum tempo, ou se se tornaram amigos antes do início do relacionamento, então era bem provável que um dos dois, mais bonito, terminasse com uma pessoa mais comum.

“Essa mudança gradual parece ocorrer com bastante frequência”, afirma a antropóloga Helen Fisher, do Instituto Kinsey, que trabalha com o Match.com na realização de sua pesquisa anual sobre adultos solteiros nos EUA.

Na de 2012, por exemplo, 33 por cento dos homens e 43 por cento das mulheres responderam “sim” quando perguntados se já tinham se apaixonado por alguém que não acharam atraente à primeira vista. A Dra. Fisher chama o fenômeno de “amor lento”.

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Em relação ao Sr. Darcy, conforme vai conversando com Elizabeth e descobrindo sua inteligência e sagacidade, acaba mudando de opinião: “Logo depois de ter deixado claro a si mesmo e aos amigos que as feições dela não lhe eram perfeitas, passou a achá-las incrivelmente inteligentes, dada a bela expressão de seus olhos escuros”.

E descobre, é claro, que não pode resistir. “Em vão lutei, mas não o suficiente. Não reprimirei meus sentimentos. Permita-me dizer-lhe o quanto a admiro e a amo”, diz ele por fim.