Quando dois lavadores de janelas ficaram pendurados de um andaime balançante do lado de fora do 68° andar do novo World Trade Center, recentemente, alguns passaram a se perguntar: por que eles estavam lá, afinal?
Em uma era em que alguns cliques em um celular podem resolver inúmeros problemas, parece justo se perguntar por que as pessoas ainda baixam do teto de arranha-céus para esfregar água com sabão nos vidros e depois secá-los com um pequeno rodo.
Os robôs não poderiam assumir essa tarefa simples e repetitiva, libertando os seres humanos do risco de ferimentos ou morte?
A resposta simples, segundo vários especialistas, é que lavar janelas é algo que as máquinas ainda não conseguem fazer tão bem quanto as pessoas. A resposta mais complexa é que os edifícios muito altos são mais complicados do que costumavam ser.
"Os edifícios começam a parecer enormes esculturas no céu", disse Craig S. Caulkins, consultor de proprietários de prédios sobre manutenção exterior. "Um robô não consegue fazer manobras que contornem aquelas curvas e entrem nas facetas do edifício", disse. Segundo Caulkins, "os robôs têm problemas".
Mas principalmente, disse ele, os sistemas de limpeza robóticos tendem a deixar sujeira nos cantos dos painéis de vidro que devem oferecer vistas panorâmicas dos andares mais altos. "Se você for um proprietário minucioso e quiser janelas muito limpas, para desfrutar aquela vista tão cara que você comprou, a última coisa que você quer ver é aquela área cinzenta ao redor da moldura da janela", disse Caulkins.
Exemplos desse problema particular foram as Torres Gêmeas do World Trade Center original.
A Autoridade Portuária de Nova York e Nova Jersey equipou os prédios com um aparelho mecânico para limpar as vidraças, mas ele funcionava tão mal que lavadores de janelas humanos tinham de segui-lo para limpar os pontos que a máquina perdia, explicou Steven Plate, da Autoridade Portuária.
Um dos homens que limpava as vidraças das Torres Gêmeas era Roko Camaj, cuja perigosa tarefa foi tema de um livro infantil, "Lavador de Janelas: Trabalhando Acima das Nuvens", publicado em 1995. O livro cita Camaj dizendo que "daqui a dez anos, todas as janelas provavelmente serão lavadas por máquinas".
Nessa questão, Camaj, que morreu quando as torres foram destruídas em 11 de setembro de 2001, não foi um profeta. Caulkins disse que "talvez haja algumas dúzias" de arranha-céus em todo o país que empregam robôs para limpar suas janelas.
Outro motivo para a rara utilização de robôs é que os edifícios exigem muito mais manutenção do que apenas lavar janelas, disse Caulkins.
Há necessidade de equipamentos para baixar pessoas que consertem fachadas e vidraças quebradas, como a que os trabalhadores de resgate tiveram de cortar para salvar os lavadores de janelas no World Trade Center, disse ele.
Se um edifício exige um mecanismo no teto para baixar uma plataforma para esse tipo de trabalho, é improvável que o proprietário invista em um segundo sistema automatizado para limpar vidros, disse ele.
Gerard McEneaney, autoridade de um sindicato de lavadores de janela, disse que seus colegas se dispõem a fazer esse trabalho porque ele paga bem: até US$ 26,89 por hora, mais benefícios. Muitos lavadores de janelas são imigrantes da América do Sul. "São homens destemidos, trabalhadores corajosos."
Ele acrescentou que compreende por que os proprietários do World Trade Center empregam pessoas para limpar a fachada de vidro inclinada. "Eles querem que o prédio fique brilhando", disse.
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