Usando menos de uma gota de sangue, um novo teste pode revelar quase todos os vírus aos quais uma pessoa já foi exposta, disseram os cientistas.

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O teste, que ainda é experimental, pode ser feito por apenas US$25 e poderia se tornar uma ferramenta de pesquisa importante para controlar os padrões de doenças em várias populações, ajudando cientistas a comparar os velhos e os jovens, ou populações em diferentes partes do mundo.

Ele também pode ser usado para tentar descobrir se os vírus, ou a resposta imunológica do corpo a eles, contribuem para o câncer e doenças crônicas, disseram os pesquisadores.

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O teste pode detectar exposições prévias a mais de mil cepas de vírus de 206 espécies — quase todo o “viroma” humano, ou seja, todos os vírus conhecidos por infectar as pessoas. O teste funciona através da detecção de anticorpos, proteínas altamente específicas desenvolvidas pelo sistema imunológico em resposta ao vírus.

Testado em 569 pessoas nos Estados Unidos, África do Sul, Tailândia e Peru, o teste sanguíneo descobriu que a maioria havia sido exposta a cerca de 10 espécies de vírus — especialmente os suspeitos de sempre, como aqueles que causam gripes e resfriados.

Mas algumas pessoas mostraram evidências de exposição a até 25 espécies, algo que os pesquisadores ainda precisam explicar, disse Stephen J. Elledge, principal autor do relatório, publicado no periódico Science, e professor de Genética na Escola de Medicina de Harvard.

“Isso vai ser um tesouro para a epidemiologia de doenças transmissíveis. Será como a introdução do microscópio eletrônico. O teste nos permitirá ter uma resolução maior com algo mínimo”, disse o Dr. William Schaffner da Universidade Vanderbilt, no Tennessee.

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Uma possibilidade, disse Schaffner, seria implantar o teste em grandes populações para descobrir a idade em que as crianças estão expostas a várias doenças para ajudar com o calendário de vacinas.

Outra ideia, ele disse, seria testar amostras de sangue congelado para aprender sobre padrões de doenças.

Ao mostrar todos os anticorpos que uma pessoa produziu contra o vírus, o teste pode começar a explicar várias doenças, disse Adolfo Garcia-Sastre da Escola de Medicina Icahn no Monte Sinai, em Nova York. “Muitas doenças poderiam ser afetadas pelo tipo de anticorpos que uma pessoa tem”, disse ele.

Os candidatos mais óbvios são doenças autoimunes, como esclerose múltipla e diabetes tipo 1. Pesquisadores há muito tempo suspeitavam que os vírus poderiam contribuir para tais doenças, fazendo que o sistema imunológico produzisse anticorpos que confundissem as próprias células humanas com vírus e as atacassem. Para buscar esses vírus, os cientistas tinham que testar um por um.

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O novo teste, disse Garcia-Sastre, “de forma imparcial, permite que você veja todo o repertório”.

A tecnologia poderia ajudar a responder perguntas sobre câncer, disse ele, como por que a mesma doença progride mais rapidamente em alguns pacientes do que em outros.

Houve algumas surpresas, disse Elledge. Uma delas é que “a resposta imune é muito semelhante em todas as pessoas”. Pessoas diferentes desenvolveram anticorpos semelhantes que atacavam a mesma região de um vírus.

Outra surpresa veio de pessoas infectadas com HIV. Elledge esperava que suas respostas imunológicas a outros vírus estivessem enfraquecidas. “Em vez disso, suas respostas eram mais exageradas para quase todos os vírus”, ele disse.

O teste pode levar até dois meses, mas pode ser feito em dois ou três dias, disse Elledge, caso alguma empresa agilizasse o processo. “É isso que pode fazer com que ele seja útil para as pessoas”, disse ele.

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