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Homem segura arma caseira durante protesto em Manágua | INTI OCON/AFP
Homem segura arma caseira durante protesto em Manágua| Foto: INTI OCON/AFP

 O governo da Nicarágua ordenou nesta sexta-feira (31) a expulsão de uma equipe de direitos humanos da ONU dois dias depois da publicação de um relatório em que critica o ditador Daniel Ortega pela repressão a oposicionistas. "Considerando que acabaram as razões, as causas e as condições que deram origem ao convite [à missão da ONU], este ministério comunica que dá por concluído o convite", afirma carta do Ministério das Relações Exteriores da Nicarágua. 

A carta foi assinada pelo chanceler Denis Moncada e dirigida à diretora do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU na América Central, Marlene Alejos, com cópia ao comissário Zeid Ra' ad Al Hussein. 

 Segundo um membro da equipe, o Conselho de Segurança da ONU deve discutir a situação na Nicarágua no próximo dia 5.  "Esta insólita decisão inoportuna e reflete o ânimo de uma pessoa que se sente completamente perdida, que já não pode ocultar suas responsabilidades e seguir ocultando a verdade", disse a presidente do Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (CENIDH), Vilma Núñez, referindo-se a Ortega. 

 O relatório, divulgado na última quarta-feira (29) pelo Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU descreve um esforço de repressão abrangente por parte do governo e insta Ortega a interromper imediatamente as perseguições dos manifestantes e a desarmar os civis armados responsáveis por muitas das mortes e das detenções arbitrárias no país centro-americano. 

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O governo respondeu que o relatório era tendencioso e não considerava que as ações ocorriam dentro de um contexto de uma tentativa de golpe de Estado contra Ortega. A repressão aos protestos deixou pelo menos 317 mortos entre 18 de abril e 30 de julho, inclusive civis e menores de idade. 

 No sábado passado (25), a documentarista brasileira Emilia Mello foi detida e depois deportada do país após ser presa enquanto ia para um protesto na cidade de Granada

 O relatório cita detenções ilegais, tortura e julgamentos a portas fechadas. Médicos, professores e juízes que se posicionaram ou protestaram foram demitidos de suas funções para desencorajar pessoas de participar ou apoiar os protestos. "O nível de perseguição é tal que muitos daqueles que participaram nos protestos, defenderam os direitos dos manifestantes ou simplesmente expressaram opiniões dissidentes foram forçados a se esconderem, deixaram a Nicarágua ou estão tentando fazê-lo", afirmou o relatório.

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