Generais iemenitas prometeram hoje fidelidade à "revolução", no mesmo dia em que tanques foram enviados para Sanaa, a capital do Iêmen. Além disso, o principal líder tribal do país exigiu a saída do presidente Ali Abdullah Saleh do poder. Tanques tomaram posições em pontos estratégicos da capital, incluindo o palácio presidencial, o Banco Central e o Ministério da Defesa. Não estava claro, porém, a quem eles obedeciam nem quem estava no comando dessa operação.
Em mais um capítulo dos reveses para a autoridade de Saleh, o general Ali Mohsen al-Ahmar, comandante de uma divisão de infantaria, anunciou que estava se unindo à "revolução", ao lado do líder tribal Sadiq al-Ahmar. "A crise está se tornando mais complicada e está empurrando o país para a violência e para a guerra civil", afirmou o general, em comunicado divulgado pela emissora Al-Jazira. O militar disse que anunciava o apoio dele e de seus "colegas comandantes e soldados" à "revolução da juventude". "Nós cumpriremos nossos deveres para preservar a segurança e a estabilidade."
Vários militares, de distintas patentes, já anunciaram seu apoio ao movimento de oposição ao presidente. Manifestantes realizam uma vigília desde 21 de fevereiro perto da Universidade de Sanaa protestando contra o governo. Outro general importante, Nasser Ali Shuaybi, disse à France Presse que havia desertado junto com 60 oficiais militares e 50 policiais, na província de Hadramawt.
Sadiq al-Ahmar, líder da federação tribal Hashid, a maior no país fortemente tribal e uma fonte crucial de poder para Saleh, disse à Al-Jazira que era hora de o presidente deixar o poder de forma tranquila. "Eu anuncio em nome de todos os membros de minha tribo que estou me unindo à revolução", afirmou Ahmar, pedindo que Saleh "evite o banho de sangue no Iêmen e realize uma saída tranquila". O governador da importante província de Áden, no sul do país, Ahmed Qaatabi, também pediu demissão "para protestar contra o que acontece no país", disse um auxiliar.
Saleh demitiu ontem seu gabinete, em uma tentativa de aplacar os protestos por reformas. O regime já perdeu apoio de líderes religiosos e se enfraqueceu com a renúncia de ministros, embaixadores e parlamentares da situação. Mas Saleh se recusa a deixar o poder antes do fim de seu mandato, em 2013.
O governo iemenita foi condenado internacionalmente, após mais de 50 pessoas serem mortas quando partidários do regime abriram fogo na sexta-feira contra manifestantes na Universidade de Sanaa, epicentro do movimento pela democracia.
Os Estados Unidos têm no Iêmen um forte aliado, e o país abriga tropas norte-americanas. A deserção das lideranças militares pode complicar o apoio dos EUA a Saleh, que era visto como uma fonte de instabilidade em um país volátil e um parceiro na luta contra a rede terrorista Al-Qaeda. Forças especiais norte-americanas treinam unidades antiterror iemenitas contra a Al-Qaeda na Península Arábica, que já foi acusada por vários ataques contra alvos dos EUA.
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