O candidato nacionalista de esquerda Ollanta Humala e a congressista Keiko Fujimori despontavam nesta tarde como prováveis protagonistas do segundo turno das eleições presidenciais no Peru, de acordo com a comissão eleitoral do país.
Apurados 85,4% dos votos depositados no domingo nas urnas, a coligação Gana Peru, de Humala, havia ultrapassado a marca de 4 milhões de sufrágios e liderava com 31,23%. Na segunda colocação aparecia a coligação Fuerza 2011, de Keiko, com pouco mais de 3 milhões de votos, ou 23,21%.
Restando pouco menos de 15% dos votos a serem apurados, Humala já está matematicamente garantido no segundo turno. Ao mesmo tempo, analistas acreditam serem diminutas as chances de Keiko - filha do ex-presidente peruano Alberto Fujimori - ser alcançada por seus adversários mais próximos.
O terceiro lugar na apuração é ocupado pelo ex-ministro Pedro Pablo Kuczynski, com 19,37% dos votos. O ex-presidente Alejandro Toledo aparece na quarta colocação, com 15,23%, segundo o mais recente boletim do Escritório Nacional de Processos Eleitorais (ONPE, na sigla em espanhol). Dez candidatos concorreram à presidência na eleição de ontem. As pesquisas de boca-de-urna e projeções baseadas nas primeiras apurações projetavam um segundo turno entre Humala e Keiko.
Os dois candidatos mais votados até o momento no primeiro turno são, curiosamente, os que possuem a maior rejeição entre o eleitorado, segundo pesquisas de opinião conduzidas antes do pleito. Sondagens sobre o tema indicavam que metade do eleitorado peruano jamais votaria em Keiko; a rejeição a Humala era ainda maior: 60%.
Humala é um nacionalista que, após anos de discursos exaltados, moderou sua plataforma e promete mudanças sem radicalizar. Já Keiko é filha do ex-presidente Alberto Fujimori, atualmente preso por crimes cometidos durante sua presidência (1990-2000), mas ainda um político popular entre parte dos peruanos.
Keiko contesta a plataforma de Humala, argumentando que um papel maior do Estado na economia afugentará investidores. Humala conseguiu vencer o primeiro turno em 2006, mas acabou derrotado pelo hoje presidente Alan García.
Desta vez, Humala distanciou-se do presidente venezuelano, Hugo Chávez, e evita um discurso radical. Já Keiko voltou atrás em uma declaração feita há dois anos, segundo a qual iria perdoar o pai para tirá-lo da prisão.
Anteriormente, o Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa qualificou um possível segundo turno entre Humala e Keiko como "uma escolha entre a aids e um câncer terminal", por causa da suposta falta de tendências democráticas nesses políticos.
"Há muito a se admirar no Peru, mas sua classe política não está entre seus ativos mais fortes", disse o analista Michael Shifter presidente do centro de estudos Diálogo Interamericano, dos Estados Unidos. "É um país de paradoxos e contradições: o crescimento impressionantemente robusto (na economia), mas uma política precária. Nesta eleição, os extremos ficaram à frente". As informações são da Dow Jones e da Associated Press.