Os Estados Unidos deram na segunda-feira um importante passo no sentido de restringir suas emissões de gases-estufa, impulsionando as discussões na conferência climática da ONU que começou no mesmo dia em Copenhague.

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A Agência de Proteção Ambiental dos EUA declarou oficialmente que os gases do efeito estufa ameaçam a saúde humana, o que abre caminho para que suas emissões sejam regulamentadas pelo Executivo sem depender de um projeto de lei que está parado no Senado.

A medida foi bem recebida pelos participantes do evento de Copenhague, que vai até o dia 18 e no qual cerca de 15 mil delegados tentam definir as diretrizes para um novo tratado climático global.

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"Isso é muito significativo no sentido de que, se o Senado não adotar a legislação, o governo terá autoridade para regulamentar", disse à Reuters o chefe do Secretariado de Mudança Climática da ONU, Yvo de Boer.

A Casa Branca disse que o presidente Barack Obama ainda prefere que a regulamentação parta do Congresso, e não do Executivo.

Segundo maior emissor global de gases do efeito estufa - atrás apenas da China -, os EUA são o único país industrializado que não aderiu ao atual Protocolo de Kyoto, que exige uma primeira redução das emissões por parte dos países ricos até 2012.

A conferência de Copenhague começou com um sombrio alerta da ONU sobre os riscos do aquecimento global, e com uma previsão otimista do primeiro-ministro dinamarquês, Lars Lokke Rasmussen, de que um novo acordo climático está "ao alcance das mãos".

Ele disse que 110 líderes mundiais, inclusive Obama, participarão de uma cúpula de encerramento, e que presenças tão ilustres significam "uma oportunidade que o mundo não pode perder".

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Nos últimos meses as negociações preliminares para a conferência emperraram devido a discordâncias entre países ricos e pobres sobre a amplitude das reduções das emissões nas nações industrializadas, e sobre a verba a ser cedida para ajudar as nações em desenvolvimento a se adaptarem à mudança climática e reduzirem as suas próprias emissões.

Obama quer que os EUA reduzam suas emissões em 3 por cento até 2020, em relação aos níveis de 1990, e que aprofunde ainda mais esses cortes nas décadas seguintes. Muitos países em desenvolvimento cobram reduções bem maiores dos EUA até 2020.

"O mundo está assistindo"

O deputado Edward Markey, um dos autores do projeto de limitação das emissões já aprovado na Câmara dos EUA, disse que "o presidente Obama e o Congresso dos Estados Unidos podem agora viajar a Copenhague armados da credibilidade regulatória e de metas de redução de emissões".

"O mundo está assistindo, e os EUA estão agindo", acrescentou.

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Cientistas e políticos querem que os delegados definam ações imediatas para conter as emissões e liberar bilhões de dólares em ajuda e tecnologia para os países pobres.

Rajendra Pachauri, chefe da comissão científica da ONU para questões climáticas, disse que a falta de ações imediatas pode causar efeitos como ciclones, ondas de calor, inundações, secas e possivelmente a perda da capa de gelo da Groenlândia, o que elevaria o nível do mar em 7 metros nos próximos séculos.

"A evidência agora é preponderante de que o mundo irá se beneficiar enormemente de uma ação rápida", afirmou ele.

A União Europeia prometeu intensificar sua proposta de redução das emissões se os EUA arcarem com maiores custos nas emissões dos países pobres, especialmente no que diz respeito a controle do desmatamento.

Os países em desenvolvimento, inclusive os pequenos Estados insulares que são mais vulneráveis à elevação do nível dos mares, exigiram mais medidas.

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"Até agora não vimos qualquer liderança real (dos países ricos)", disse o sudanês Ibrahim Mirghani Ibrahim, em nome do G77 (bloco de países em desenvolvimento, ao qual a China se junta em questões climáticas).

Em nome dos pequenos Estados insulares, Dessima Williams, de Granada, afirmou que o grupo "não aceitará soluções feitas para a TV". "Estamos aqui para nos salvar de nos queimar e nos afogar", disse.

O embaixador da China para questões climáticas, Yu Qingtai, disse à Reuters que "as partes ainda estão muito separadas, especialmente a respeito de algumas questões substanciais e críticas".

China, Brasil, África do Sul e Índia - nações emergentes que, juntas, respondem por 30 por cento das emissões globais de carbono - querem que o novo tratado climático global seja concluído até junho de 2010, segundo um documento preliminar ao qual a Reuters teve acesso.

Alguns outros governos defendem um prazo até o final de 2010.

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Fora da conferência, os delegados passam em frente a uma escultura de gelo mostrando uma sereia, o símbolo de Copenhague, que vai derretendo lentamente, como forma de chamar a atenção para o problema. A figura alude à "Pequena Sereia" do conto infantil dinamarquês.