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Caças israelenses voltaram a bombardear o Líbano nesta terça-feira e o Hezbollah disparou mais foguetes contra o norte de Israel, fazendo uma vítima fatal, em um conflito que a diplomacia não dá sinais de conseguir conter num futuro próximo.

Civis de ambos os lados manifestaram indignação com os bombardeios, mas nem Israel nem o Hezbollah dão mostras de disposição de interromper os combates ou de ouvir a proposta da ONU pelo envio de uma força de estabilização para a região.

Até agora, os confrontos mataram 235 pessoas no Líbano e 25 israelenses.

Nesta terça-feira, mais um brasileiro morreu no Líbano. O menino Bassel Tormos, de 8 anos, de Tallousa, no sul do Líbano, foi a quinta vítima brasileira dos combates. Segundo o Itamaraty, a mãe e o irmão do garoto, nascido em Foz do Iguaçu, estão feridos. Uma família de quatro pessoas, também de Foz, em férias no Líbano havia morrido vítima dos ataques.

- Não sei nem onde ficava nosso bairro - disse um xiita libanês, que procurava o local onde sua casa ficava, próximo a um complexo do Hezbollah destruído pelos ataques, no sul de Beirute. - Eles ainda estão bombardeando a área, para reduzi-la a pó. Que tipo de crime é esse? - disse o homem, que se identificou como Hassan.

Os israelenses, estupefatos pela ousadia dos ataques com foguetes do Hezbollah, afirmam querer que seu Exército esmague o grupo guerrilheiro , mostrou uma pesquisa de opinião. A maioria disse ser favorável ao assassinato do líder do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah.

Um foguete lançado contra a cidade de Nahariya, no norte de Israel, matou uma pessoa na terça-feira. Outros foguetes atingiram Haifa.

No Líbano, nove pessoas de uma mesma família, incluindo crianças, morreram no bombardeio a sua casa, no vilarejo de Aitaroun. Dez pessoas morreram em ataques no sul e no Vale do Bekaa.

Aviões bombardearam quartéis do Exército a leste de Beirute, matando 11 soldados e ferindo 30. Um caminhão carregado de suprimentos médicos doados pelos Emirados Árabes Unidos foi atingido e o motorista morreu.

O Exército israelense disse que o Hezbollah está recebendo armas contrabandeadas da Síria, mas afirmou que não considera a Síria um alvo. Os Estados Unidos pediram ao Irã e a Síria, que apóiam o grupo guerrilheiro, que usem sua influência para interromper os ataques com foguetes contra o território israelense.

O Hezbollah disse que mais um de seus combatentes foi morto, o que eleva para quatro o total de baixas reconhecidas pelo grupo na última semana.

O Exército israelense recusava-se a descartar uma invasão terrestre.

- Neste momento não acreditamos que teremos de ativar forças terrestres maciças no Líbano, mas, se tivermos de fazer isso, vamos fazer - disse Moshe Kaplinsky, vice-comandante do Exército israelense, à Rádio Israel.

Segundo ele, serão necessárias semanas para concluir a ofensiva contra o Hezbollah, deflagrada na quarta-feira, quando o grupo matou oito soldados israelenses e capturou dois numa operação na fronteira.

Guerra psicológica

O Hezbollah classificou como guerra psicológica a afirmação de um general israelense de que os ataques com foguetes realizados pelo grupo haviam diminuído em consequência dos ataques israelenses contra seu arsenal.

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, pediu a criação de uma força internacional maior e mais sólida para estabilizar o sul do Líbano, de modo a dar tempo ao governo libanês para que desarme os guerrilheiros do Hezbollah.

Israel, no entanto, diz que é cedo demais para discutir a criação desse tipo de força. Os Estados Unidos questionaram a capacidade da eventual missão em reprimir o grupo islamico.

Annan indicou, porém, que essa força internacional seria mais potente que a missão de paz que patrulha o sul do Líbano desde 1978.

Os Estados Unidos ordenaram a cinco navios de guerra que sigam para o Líbano para retirar americanos do país. Outros países europeus mobilizaram embarcações e aviões para tirar seus cidadãos do Líbano. Cerca de cem mil libaneses deixaram suas casas.

Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) chegou ao Brasil trazendo cinco argentinos, oito libaneses e 85 brasileiros que fugiam do Líbano.

Agências da ONU estão retirando do país funcionários que não sejam essenciais -- assim como suas famílias --, mas equipes de socorro permanecem no Líbano e recebem mais reforços, disse o chefe para questões humanitárias, Jan Egeland.

O Líbano quer um cessar-fogo imediato, mas as potências mundiais já disseram que primeiro o Hezbollah precisa libertar os dois soldados capturados e interromper os ataques com foguetes. Israel também exige que o Hezbollah se desarme, obedecendo às resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

O governo libanês é dividido e fraco demais para forçar o Hezbollah a cumprir as exigências. O grupo xiita quer trocar os soldados sequestrados por presos libaneses e árabes detidos em cadeias israelenses.

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