A perspectiva de Israel a respeito do programa nuclear iraniano difere da dos EUA, e os dois podem divergir sobre que ação tomar, disse na sexta-feira o ministro israelense da Defesa, Ehud Barak.
A influência de Washington sobre seu aliado do Oriente Médio foi posta em dúvida depois das ameaças veladas do Estado judeu de atacar o Irã preventivamente se a diplomacia internacional não convencer a República Islâmica a abandonar seu processo de enriquecimento de urânio.
Israel e os governos ocidentais temem que essa atividade leve ao desenvolvimento de armas nucleares, intenção que Teerã garante não ter.
Os Estados Unidos afirmaram nesta semana que não querem fazer mal ao povo iraniano com sanções "paralisantes" contra o setor energético do país, medidas que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, descreveu como sendo a única solução diplomática viável.
"É claro que há certa diferença na perspectiva e uma diferença na avaliação e uma diferença no relógio interno, uma diferença de capacidades", disse Barak no Instituto para a Política do Oriente Próximo, em Washington, quando questionado sobre as discussões entre Israel e EUA a respeito do Irã.
"Não acho que haja uma necessidade de coordenação a esse respeito. Deve haver uma compreensão sobre a troca de opiniões, mas não precisamos coordenar tudo", disse Barak, que foi a Washington para discussões estratégicas.
Centrista dentro de uma coalizão dominada pela direita, Barak reiterou o argumento israelense de que uma bomba atômica iraniana iria desestabilizar toda a região e provocar uma corrida armamentista, além de estimular guerrilhas islâmicas patrocinadas por Teerã.
"Provavelmente, deste canto do mundo, (o programa iraniano) não muda o roteiro dramaticamente", disse ele, em inglês. "De uma distância mais próxima, em Israel, parece um ponto de virada para toda a ordem regional, com consequências bastante garantidas para o mundo como um todo."
Embora tenha minimizado o risco de que o Irã tente varrer Israel do mapa com um ataque nuclear, Barak pediu aos Estados Unidos e a outras potências que mantenham "todas as opções sobre a mesa", inclusive a força preventiva.
Israel bombardeou um reator nuclear do Iraque em 1981 e um da Síria em 2007. Muitos analistas acreditam, no entanto, que o país não teria condições de impor um dano duradouro às instalações nucleares iranianas, que são numerosas, distantes e bem defendidas.
Mas Barak sinalizou a disposição israelense de eventualmente agir por conta própria, ao dizer: "Sentimo-nos muito orgulhosos de nunca termos pedido aos norte-americanos que viessem lutar conosco. Basicamente, para parafrasear Churchill, dissemos: 'Deem-nos as ferramentas, e faremos o trabalho'".
Ele elogiou o governo de Barack Obama por fazer "o máximo esforço" para resolver diplomaticamente o impasse com o Irã.
Manifestando sua relutância com uma nova guerra no Oriente Médio, os EUA reforçaram seu apoio às defesas estratégicas israelenses, o que levou alguns analistas a especularem que Israel, supostamente dono do único arsenal atômico da região, acabaria tendo de aderir a uma política de "contenção" do Irã, conforme quer Washington.
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