A tensão entre os aliados e os adversários do regime sírio, em particular entre Rússia e Turquia, continuava aumentando neste domingo (14) com bombardeios turcos no norte do país e apesar das promessas de declarar uma trégua em breve.
O exército turco bombardeou pelo segundo dia consecutivo posições curdas no norte da Síria, em especial ao redor do aeroporto de Menagh, a cerca de 10 quilômetros da fronteira turca. A agência pró-governamental turca Anatolia confirmou a informação neste domingo.
Síria condena bombardeios turcos e pede atuação da ONU
O governo sírio condenou neste domingo (14) os bombardeios turcos contra posições dos curdos sírios na província de Aleppo, norte da Síria, e pediu que a ONU tome as medidas necessárias para parar com esses ataques.
“O ministério das Relações Exteriores condena os crimes e os repetidos ataques por parte da Turquia contra o povo sírio e a integridade territorial da Síria”, informou a agência de notícias oficial Sana. O ministério pediu à ONU para “colocar um fim aos crimes do regime turco”, acrescentou o comunicado.
Segundo o diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman, ao menos dois combatentes curdos morreram nestes ataques de artilharia que seguem “de maneira intermitente”.
O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, ordenou no sábado que os combatentes curdos das Umidades de Proteção do Povo (YPG) se retirassem das zonas no norte de Aleppo - tomadas por eles nos últimos dias.
A Turquia lamenta o apoio militar dos Estados Unidos aos grupos curdos na Síria, enquanto Washington exortou Ancara a parar sua ofensiva. As autoridades turcas temem em particular que os curdos, que já ocupam grande parte do norte da Síria, estendam sua influência por toda a área da fronteira.
A Turquia, principal inimigo do governo de Assad, está considerando lançar uma operação terrestre conjunta com a Arábia Saudita em território sírio contra o Estado Islâmico (EI), disse neste sábado (13) o ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu.
Seu homólogo saudita, Adel al Jubeir, disse que os esforços da Rússia para “salvar” Assad “fracassarão”.
“O reino saudita tem atualmente uma presença na base aérea de Incirlik na Turquia”, declarou o general de brigada Ahmed Assiri, em declarações na madrugada de domingo à rede de televisão Al Arabiya.
“Aviões das forças aéreas sauditas estão presentes com seus equipamentos para intensificar as operações aéreas (contra o EI), em paralelo às missões realizadas nas bases aéreas da Arábia Saudita”, afirmou.
Assiri explicou que esse envio é resultado da decisão tomada esta semana em Bruxelas pela coalizão internacional para intensificar as operações aéreas contra o Estado Islâmico.
- Rebeldes perdem terreno -Na Síria, os grupos rebeldes apoiados pela Turquia e pela Arábia Saudita estão perdendo terreno frente aos curdos, mas especialmente contra as forças do regime de Bashar al-Assad.
Irã e Rússia, principais aliados de seu regime, já dissera que se opõem ao envio de tropas terrestres. “Em nenhum caso permitiremos que a situação na Síria evolua conforme a vontade dos ‘países rebeldes’. Tomaremos as decisões necessárias quando chegar a hora”, disse o chefe adjunto do Estado-Maior iraniano, o general Masud Jazayeri.
O primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, também se opôs à intervenção terrestre e garantiu no sábado que o mundo entrou “em uma nova Guerra Fria”.
Tanto Irã, que tem “conselheiros” no país, como os bombardeios da Rússia foram importantes para os sucessos recentes do exército de Assad, que continua avançando na região de Aleppo.
Neste domingo suas forças já estavam a apenas três quilômetros de Tall Rifaat, um dos últimos redutos rebeldes na região. Esta região, alvo de 20 bombardeios russos no sábado, também está sendo atacada no leste pelas Forças Democráticas Sírias (FDS), a coalizão árabe-curda apoiada pelos Estados Unidos.
A ofensiva lançada pelo regime em 1 de fevereiro provocou a fuga de milhares de pessoas, presas no norte de Azaz, que esperam que a Turquia abra sua fronteira.
Neste contexto, os dirigentes e especialistas reunidos em Munique (Alemanha) para uma conferência de segurança se mostraram pouco otimistas sobre a possibilidade de aplicar a trégua anunciada na semana passada pelas grandes potências.
Em conversa telefônica, os presidentes Barack Obama e Vladimir Putin falaram sobre a “avaliação positiva” do acordo sobre o cessar-fogo, segundo o Kremlin.
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