Nova Orleans, EUA (AE/Folhapress) O prefeito de Nova Orleans, Ray Nagin, disse ontem que há "provavelmente milhares" de mortos na cidade. "Sabemos que há um número significativo de mortos na água", afirmou. A estimativa surge no momento em que o corpo de Engenharia do Exército luta para fechar as brechas abertas nos diques que protegem a cidade, enquanto as autoridades traçam planos para esvaziar totalmente Nova Orleans e literalmente abandonar a cidade inundada. Haverá um "esvaziamento total da cidade. Tem de haver. A cidade não estará em condições de funcionar por dois ou três meses", disse Nagin.
A maioria dos refugiados cerca de 20 mil estava no estádio Superdome, que já se encontrava superlotado e sem ar condicionado. "Ele não tem mais condições de operar como abrigo", disse o prefeito. Os abrigados não contam mais com eletricidade. Os banheiros também não funcionam, e o lixo acumulado faz com que o lugar apresente condições sanitárias precárias.
Nagin estima que pelo menos 50 mil pessoas continuavam em Nova Orleans. Segundo ele, é possível providenciar a remoção de 15 mil por dia para cidades próximas que não foram atingidas pela força dos ventos do Katrina.
O Ministério da Defesa dos Estados Unidos prepara uma das maiores operações de busca e resgate da história norte-americana, enviando quatro navios da Marinha para a costa do Golfo do México carregados de água potável e outros suprimentos de emergência, juntamente com o navio-hospital USNS Comfort, helicópteros de busca e equipes de mergulhadores de elite.
Funcionários da Cruz Vermelha dos Estados Unidos estão se deslocando para a área de desastre, na maior operação já lançada pela agência. O número de mortes provocadas pelo Katrina chega a 110 só no estado do Mississippi, mas o estado de Louisiana, onde fica Nova Orleans, interrompeu a contagem de corpos para se concentrar no resgate dos vivos, muitos ainda ilhados em telhados e sótãos.
Após relatos de saques em lojas, supermercados e até em caixas eletrônicos, o governo dos Estados Unidos designou à Guarda Nacional a missão de tentar evitar vandalismo nas regiões devastadas pela passagem do furacão Katrina. Com algumas regiões submersas devido à invasão das águas de rios no Mississippi e no Alabama, além das fortes chuvas causadas pelo Katrina, grupos de pessoas desesperadas pelo fato de terem perdido tudo estão invadindo estabelecimentos na tentativa de conseguir alguma coisa.
De acordo com o jornal Clarion-Ledger, do Mississippi, toda a costa do estado permanece sem energia. Navios da Guarda Nacional se dirigem até o local, levando mantimentos. Ao menos 5 mil guardas serão levados até a região para auxiliar na manutenção da lei e também no resgate de pessoas.