Se há duas semanas a chamada “Super Terça” — quando mais de dez estados escolheram seus candidatos para as eleições presidenciais americanas — confirmou o favoritismo do magnata Donald Trump para a nomeação republicana, os resultados da “nova Super Terça”, neste dia 15, podem cimentar de vez seu caminho para as urnas, em novembro. Cinco estados farão suas escolhas e podem enterrar as chances de uma outra candidatura competitiva no partido. Entre os democratas, as prévias servirão para ver se Hillary Clinton terá de enfrentar uma nova “onda” a favor de Bernie Sanders, ou se vai ampliar sua liderança na legenda.
Cinco estados escolherão os candidatos dos dois partidos: Flórida, Carolina do Norte, Illinois, Ohio e Missouri, além do território das Ilhas Marianas Setentrionais (no caso dos republicanos).
Latinos buscam cidadania para votar contra Trump
Leia a matéria completaPara os republicanos, a disputa é ainda mais importante pela contagem de delegados: serão distribuídos 268, ou 21% dos 1.237 necessários para a nomeação. E 196 delegados obedecem ao modelo “o vencedor leva tudo” — ou seja, quem ganhar a disputa terá todos os votos locais para a convenção de julho, que chancela o nomeado. Apenas a Carolina do Norte, com 72 delegados, mantém a proporcionalidade da distribuição de delegados.
Trump acelera
Trump lidera as pesquisas em quatro estados e está empatado em Ohio. Se confirmar suas vitórias e levar o estado indeciso, dispara. Aí, pode, pela primeira vez, ter mais de 50% dos delegados já disputados. Hoje, tem 43,6%, contra 35% do senador Ted Cruz, em segundo lugar. Isso dificultaria a estratégia da cúpula do partido republicano, que quer que o bilionário não alcance o total de 1.237 delegados necessários para a nomeação, para deixar a convenção do partido em aberto. E Trump pode ter mais vantagens nos 21 estados e territórios que ainda vão realizar suas primárias e caucus (reunião de eleitores) no partido até junho, sendo 11 com o modelo “o vencedor leva tudo”. Depois desta terça, ainda serão disputados outros 946 delegados republicanos.
Os resultados podem significar um golpe fatal para John Kasich, governador de Ohio, e para Marco Rubio, senador pela Flórida, se perderem em suas bases políticas. Se Kasich divide a liderança em Ohio, Rubio vive situação pior na Flórida, onde as pesquisas dão a Trump 41,4% das intenções de votos, quase o dobro do senador (23,3%), na segunda posição. A vitória de Rubio no caucus do Distrito de Columbia, no sábado, não deu fôlego a ele — que, na sexta-feira, chegou a pedir que seus eleitores em Ohio votem em Kasich para evitar a vitória de Trump. Na capital americana, ele conseguiu 10 delegados, contra nove que ficaram com Kasich, enquanto Trump e Cruz não conquistaram nenhum.
Hillary preocupada
Mas Trump não está em um bom momento. Desde sexta-feira (11) ele enfrenta uma reação nunca vista, com protestos que geraram prisões de mais de 30 pessoas e violência. Um de seus comícios foi cancelado. Isso reforça o discurso de Hillary Clinton, que o acusa de pregar o ódio e a divisão do país.
Hillary está com um olho em Trump e outro em Sanders. Após perder para o senador na última terça-feira, no Michigan, a campanha dela teme novas derrotas no Meio-Oeste. No partido, que organizou todos os seus delegados proporcionalmente, serão distribuídos amanhã 691 votos, ou 29% dos 2.382 necessários para a nomeação. Ela lidera na contagem total, com 1.231 delegados (576 de Sanders), e na contagem dos disputados em prévias — excluindo os superdelegados, políticos que votam diretamente na convenção —, com 748 delegados contra 542.
As pesquisas indicam empate com vantagem para Sanders em Illinois (48 a 46 para o senador). Hillary lidera por um dígito em Ohio e Missouri e por mais de 20 pontos percentuais na Flórida e na Carolina do Norte. Mas perdeu em Michigan após pesquisas lhe darem vantagem. Será uma nova terça-feira fundamental na corrida para a Casa Branca.