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Fauna

Novas criaturas na era das extinções

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Veja que brasileiros descobriram um novo macaco na Amazônia brasileira |

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Veja que brasileiros descobriram um novo macaco na Amazônia brasileira

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Washington - Nas áreas internas do Museu Na­­cional de História Natural do Ins­­tituto Smithsonian, ao longo de um corredor que poderia facilmente acomodar uma série de pistas de boliche, Kristofer M. Hel­­gen, curador da seção de mamíferos, abre um dos milhares de ar­­mários de metal enfileirados contra as paredes, e gesticula grandiosamente para seu conteúdo. Den­­tro, esta uma bandeja com uma dúzia de roedores secos, com pelos castanhos e caudas ordenadamen­­te esticadas, como salsichas em varetas. Ele abre outros armários, revelando pequenos morcegos com cara de raposa, um par de mor­­cegos gigantes com afiados caninos bicúspides, um mamífero do tamanho de uma doninha com um focinho suspenso, além de um morcego, cujas asas, translúcidas e matizadas, pareciam-se com paraquedas de brinquedo.

Os animais vieram de Nova Gui­­né, Ilhas Salomão, Quênia, Célebes – mas todos possuem al­­go em comum: eles são novos para a ciência, alguns deles tão novos que ainda nem receberam nomes. E os espécimes do Smithsonian são apenas parte de uma tendência muito mais ampla.

Fabio Rohe, da Sociedade de Conservação da Vida Selvagem, e colegas acabaram de anunciar a descoberta de um novo macaco na Amazônia brasileira, um pequeno sagui com uma cauda de 30 centímetros e pele cor de ferrugem, cinza e dourado, enquanto outros cientistas do grupo de conservação já detectaram, recentemente, novas espécies de primatas na Bolívia, Índia e Tanzânia.

Desde que a última compilação dos mamíferos do mundo foi publicada, em 2005, calculando as aproximadas 5.400 espécies mamíferas conhecidas até então, diz Helgen, impressionantes 400 ou mais espécies foram adicionadas à lista. "A maioria das pessoas não percebe isso", explica, "mas estamos exatamente no meio da era de descoberta de mamíferos".

Como ele e outros biólogos bem sabem, estamos também no meio de uma grande destruição de espécies, uma era de extinções em massa pela qual nós humanos, em gran­­de parte, somos culpados. Estimativas de perda de espécies anuais variam amplamente – e são, de qualquer forma, meramen­­te estimativas grosseiras –, mas a maioria dos pesquisadores concorda que, como resultado da destruição de habitat, instabilidade climática, vazamento de pesticidas, lixo nos oceanos, espécies in­­vasoras e outros efeitos "antropogênicos" no ambiente, a taxa de ex­­tinções está muitas vezes superior à peneira crônica da natureza.

"Nossa melhor projeção é que essa taxa esteja centenas de vezes acima da linha de base", afirma John Robinson, vice-presidente executivo da Sociedade de Con­­ser­­vação da Vida Selvagem. "O problema é que só descrevemos cerca de 15% de todas as espécies da Terra, então a maioria do que está sendo extinto é formada por animais que ainda nem conhecemos", acrescenta.

Jean Boubli, que dirige os programas da Sociedade de Con­­servação da Vida Selvagem no Brasil, diz estar planejando usar o sagui recentemente descoberto em seus esforços para evitar a construção de estradas pavimentadas na região amazônica, ainda intocada, onde vivem os primatas, a cerca de 105 quilômetros de Manaus. "Encontrar esse macaco agora foi uma dádiva divina", comemora ele, "para levar nosso caso às autoridades, que abrir o acesso à floresta seria um desastre".

"Sabemos que estamos perdendo muitas espécies no geral, mas quando se trata das espécies grandes e carismáticas, em grande parte estamos conseguindo aguentar", afirma Robinson. Porém mes­­mo nossas mascotes mais queridas – os pandas, os leopardos da neve, os gibões e as baleias – per­­ma­­necem um mistério para nós, suas vidas selvagens inalcançáveis. "Nós achamos que conhecemos muito bem os mamíferos, mas dispomos do tipo mais básico de informações sobre apenas 6% de­­les", diz Mil­­ler.

Além disso, os conservacionistas agora estão lutando com a questão de onde, e sob quais condições, a preciosa megafauna so­­brevi­­vente estará vivendo dentro de 5, 10 ou 50 anos. "Em parques restritos e refúgios? Em zoológicos? Ou em meio a alguma imagem re­­construída do brutal e es­­plêndido labirinto no qual seus an­­cestrais, e os nossos, viveram e morreram e evoluíram?", perguntam. Isso nos leva de volta à necessidade de saber o que está lá fora, todo o legado filogenético: os ra­­tos, morcegos e besouros, os sapos, as algas.

"Se você não conhece o nível da biodiversidade existente, como irá conservá-la?", questiona Vicki A. Funk, curadora do Herbário Na­­cional dos EUA.

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