Tomou posse nesta terça-feira o novo chanceler da Argentina, Héctor Timerman, durante solenidade na Casa Rosada. Sem discursos, Timerman limitou-se ao juramento de fidelidade à presidente Cristina Kirchner.
A falta de fidelidade teria sido a razão para a demissão de Jorge Taiana, acusado pela presidente de vazar informações da chancelaria à imprensa, na semana passada.
Antes de assumir o cargo, na manhã desta terça-feira (22), Timerman criticou a oposição pela convocação do ex-embaixador argentino em Caracas Eduardo Sadous para falar sobre as denúncias de pagamento de propina no comércio com a Venezuela.
Contra a vontade do governo, Sadous deve prestar depoimento nesta quarta-feira perante a comissão de Relações Exteriores da Câmara, já que, antes de renunciar, Taiana autorizou sua declaração aos deputados.
"Alguns querem fazer um chiqueiro político", disparou Timerman em entrevista a rádios locais. Ele disse que não tem problema sobre a ida de Sadous à Câmara, mas desmentiu a existência da chamada "embaixada paralela" , que controla os acordos e negócios entre a Argentina e a Venezuela.
O ministro de Planejamento, Julio De Vido, foi apontado pelas denúncias como o responsável por esta relação. "Não existe embaixada paralela. Me parece que funciona nas mentes de alguns jornalistas", atacou.
Timerman, manteve no cargo o principal negociador internacional do país e interlocutor do Brasil Alfredo Chiaradía, secretário de Relações Econômicas Internacionais, que havia apresentado sua renúncia junto com o ex-chanceler Jorge Taiana, na sexta-feira.
Chiaradía já viajou na tarde de hoje para Toronto, onde participa dos preparativos da reunião dos presidentes do G-20 nos dias 26 e 27. Ele foi nomeado como representante oficial argentino, uma tarefa que só tinha sido desempenhada, nos últimos anos, pelo ex-chanceler.
Chiaradía também vai liderar a primeira reunião negociadora do Mercosul e União Europeia (UE), com vistas a um acordo de livre comércio, que será realizada na próxima semana em Buenos Aires. Logo depois, o secretário participa das negociações entre os países sócios do Mercosul para a realização da cúpula dos presidentes em meados de julho, na Província de San Juan.
Timerman manteve ainda o secretário de Culto, Guillermo Oliveri, e o secretário de Integração Econômica Americana e Mercosul, Eduardo Sigal. A única mudança, pouco substancial, de nomes na chancelaria, até o momento, foi no cargo de vice-chanceler. Em substituição a Victorio Tachetti, Timerman nomeou o embaixador Alberto D'Alotto, que era o chefe de assessores de Taiana.
Timerman viaja na noite desta terça-feira para Nova York, para participar de uma reunião do comitê de descolonização da Organização das Nações Unidas (ONU). Na sexta, ele vai acompanhar a presidente Cristina Kirchner a Toronto. Antes da viagem, o chanceler defendeu a necessidade de fortalecer as relações com o Brasil e disse que quando regressar do Canadá sua agenda estará voltada para os países vizinhos.