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Os novos líderes da Líbia terão que procurar muito para encontrar os bilhões de dólares em dinheiro e ativos que Muamar Kadafi e sua família esconderam em vários lugares do mundo, e depois enfrentarão obstáculos legais para recuperar todos, disseram especialistas nesta sexta-feira.
De acordo com os EUA, desde que as forças rebeldes começaram a lutar para afastar Kadafi do poder, as Nações Unidas e vários países já localizaram e congelaram 19 bilhões de dólares em ativos que teriam estado sob o controle de Kadafi ou associados dele.
Mas outras estimativas sugerem que Kadafi controlava até 30 bilhões de dólares em ativos apenas nos Estados Unidos, além de bens importantes na Europa e África do Sul, disse Victor Comras, ex-especialista em lavagem de dinheiro junto às Nações Unidas e Departamento de Estado dos EUA.
"Kadafi não era burro", disse Comras à Reuters. "A maior parte do dinheiro óbvio, guardado em bancos e instituições financeiras ocidentais, já foi localizada e congelada."
Como outros déspotas - foi o caso do iraquiano Saddam Hussein e de Mobutu Seso Seko, da República Democrática do Congo - Kadafi "provavelmente guardou grandes valores sob nomes falsos em ou contas numeradas secretas, ou ainda em dinheiro vivo, metais preciosos e obras de arte colecionáveis e vendáveis guardados em cofres-fortes," disse Comras.
Outros ativos podem incluir participações acionárias em empresas e bens sob nomes falsos ou sob o controle de pessoas ligadas aos Kadafis.
"Para encontrar esse dinheiro será preciso um trabalho financeiro forense avançado, e mesmo assim será difícil localizá-lo", disse Comras.
Juan Zarate, ex-funcionário da Casa Branca e do Tesouro norte-americano que comandou a busca pelos bens de Saddam Hussein, disse: "A recuperação de ativos é complicada também pelas dificuldades de identificar os verdadeiros proprietários dos interesses!".
Mas Roger Tamraz, financista de Dubai que já tratou extensamente com a Líbia, disse que a recuperação dos bens será facilitada, ironicamente, pelo fato de que Kadafi e sua família viam a riqueza do Estado líbio como sendo deles próprios.
Por essa razão, guardavam a maioria do dinheiro ou dos bens que tinham no exterior em entidades soberanas como o Fundo Líbio de Investimentos, onde será mais fácil de recuperar pelos sucessores de Kadafi que bens convertidos para uso pessoal e depois ocultos.
Mas, segundo funcionários dos EUA e da Europa, o CNT está agindo com cautela em seus esforços para recuperar bens no exterior, devido à fragilidade dos bancos líbios.
Antes de trazerem bens ao país, as novas autoridades de Trípoli terão que definir procedimentos e mecanismos governamentais para lidar com eficiência e responsabilidade com grandes montantes recuperados.
Os países onde há bens soberanos líbios que teriam estado sob o controle de Kadafi ou sua família incluem os Estados Unidos, Grã-Bretanha, Itália, Suíça, Malta e várias nações africanas.
Um telegrama do Departamento de Estado divulgado pelo WikiLeaks disse que, em 2006, os bens do governo líbio na Itália incluíam 2 por cento da Fiat, 15 por cento da empresa energética Tamoil e 7,5 por cento do clube de futebol Juventus, de cujo conselho de direção um dos filhos de Kadafi, Saadi, chegou a fazer parte. O fundo também teria mais de 500 milhões de dólares na Grã-Bretanha.
A Pearson, grande empresa britânica do setor editorial que é dona do jornal londrino Financial Times, anunciou em março ter congelado uma participação de 3,7 por cento de suas ações pertencente à Autoridade Líbia de Investimentos.