A imprensa portuguesa revelou neste domingo (12) que vestígios de sangue teriam sido encontrados em uma das cortinas do apartamento onde a menina britânica Madeleine McCann estava na noite em que desapareceu, o que reforça a tese de que tratou-se de um homicídio ou de um acidente fatal.
As revelações foram divulgadas no "Jornal de Notícias". O diário acrescentou que "a principal linha de investigação" que as polícias portuguesa e britânica seguem no caso envolvem a morte da menina. O desaparecimento de "Maddie", como a menina é conhecida na imprensa européia, completou 100 dias no sábado (11).
Madeleine desapareceu do quarto do hotel onde dormia com seus irmãos, no dia 3 de maio, na Praia da Luz, região de Algarve, em Portugal. A família McCann passava férias no local.
Anteriormente, a imprensa portuguesa havia relatado que havia sido encontrado sangue somente em uma das paredes do apartamento. Segundo a imprensa, cães farejadores que trabalharam na detecção dos restos de sangue também descobriram um "cheiro de cadáver" em outros lugares, mas, nesse caso, não foi possível recolher nenhuma "amostra biológica".
Os vestígios de sangue encontrados no quarto de hotel onde a menina desapareceu foram enviados para análise num laboratório em Birmingham, no Reino Unido. A polícia aguarda a chegada dos resultados da análise.
Depoimentos contraditórios
Outro jornal português, o "Diário de Notícias", revelou neste domingo que havia "contradições" nas declarações das testemunhas que estavam jantando com os pais da menina no dia 3 de maio, quando Madeleine desapareceu do quarto onde dormia com seus irmãos menores.
Um dos amigos do casal McCann, Russel O'Brien, estava presente no início do jantar, mas pouco depois se ausentou e só regressou quando o grupo estava perto de terminar a refeição.
Foi Jane Tanner, esposa de Russel, que deu à Polícia Judiciária (PJ) portuguesa a pista de que havia visto um homem de 1,70m de altura, magro, e de cabelo castanho na rua, com uma menina nos braços na noite do desaparecimento.
O retrato falado elaborado pela descrição fornecida por Jane foi uma das pistas seguidas pela polícia durtante o tempo em que se considerou como mais provável a hipótese de seqüestro de Madeleine.
O jornal revelou ainda que o casal McCann tomou lanche com Madeleine às 18h30 do dia do desaparecimento da menina, em um restaurante na Praia da Luz.
O fato só foi conhecido pela Polícia Judiciária portuguesa porque o dono do restaurante os convocou para perguntar-lhes se a polícia se interessaria em revisar o vídeo feito pelas câmeras de segurança do estabelecimento.
Depois de ver as imagens, os policiais interrogaram os pais da menina, questionando o motivo pelo qual os pais haviam esquecido de mencionar esse fato em suas declarações anteriores.
O diário português afirmou ainda que as declarações dos amigos dos pais de Madeleine, vários casais que se encontravam juntos em férias, estão cheias de "contradições e omissões".
Morte no apartamento
Francisco Moita Flores, ex-inspetor da polícia e atual prefeito da cidade portuguesa de Santarém, escreveu neste domingo em sua coluna no jornal "Correio da Manhã" que a imprensa britânica só quer saber de notícias sobre a hipótese de seqüestro da menina, e que todas as outras teorias "são especulações".
"Todas as evidências apontam que a menina morreu no apartamento e é difícil crer que se trate de seqüestrar um cadáver", disse Flores.
O ex-inspetor disse ainda que a pessoa que entrou no apartamento onde estava Madeleine sabia até onde estavam os artigos de limpeza, porque tentou "apagar as manchas de sangue".
"Quem, sozinho ou acompanhado, esconde indícios é porque quer ocultar um crime", concluiu.
O delegado da Polícia Judiciária portuguesa Olegario Sousa admitiu publicamente no sábado, pela primeira vez, que a menina britânica pode ter morrido.
Sousa, porta-voz da Polícia Judiciária no caso, afirmou que os agentes que estão investigando o desaparecimento encontraram novas provas que dão "intensidade" à possibilidade de que a menina esteja morta.
Além disso, o policial negou que os pais de Madeleine, Gerry e Kate, sejam considerados suspeitos, como indicaram esta semana vários jornais portugueses.
No entanto, o porta-voz policial ressaltou que continuam abertas outras linhas de investigação, como a possibilidade de um seqüestro, e antecipou que as testemunhas do caso poderiam voltar a ser interrogadas, dependendo dos resultados procedentes de Birmingham.
Desaparecida há 100 dias
O desaparecimento da menina britânica Madeleine McCann completou 100 dias no sábado no sem uma avaliação precisa do que aconteceu com a menina. Os pais de Maddie participaram de uma missa na igreja da Praia da Luz, pelos 100 dias de desaparecimento da filha.
Madeleine desapareceu no dia 3 de maio, quando dormia num quarto de um hotel na Praia da Luz, na região portuguesa de Algarve. A menina, de 4 anos, estava no quarto com seus dois irmãos menores, enquanto seus pais jantavam num restaurante próximo.
Ainda há dúvidas no caso que pedem esclarecimento. A polícia tenta determinar o que aconteceu entre 18h e 21h do dia 3 de maio, por exemplo, e quem foi a última pessoa que viu Madeleine com vida.
Em recentes entrevistas às redes de televisão portuguesas, os pais da menina, Gerry e Kate McCann, admitiram que as investigações regressaram ao "ponto zero" e se mostraram surpresos de que pudessem ser considerados suspeitos no caso.
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