O novo site do jornalista Glenn Greenwald, lançado hoje, denuncia o uso de vigilância eletrônica pela NSA (Agência Nacional de Segurança americana) nos ataques com drones, feitos pelos Estados Unidos e que, segundo a publicação, "resultam na morte de pessoas inocentes ou não identificadas".
A revista digital The Intercept, um projeto do ex-editor do "Guardian" para quem Edward Snowden revelou seus documentos, afirma que os alvos dos ataques são identificados com base em "dados controversos" e rastreamento de celulares, em vez de haver uma confirmação sobre o alvo através de agentes em solo.
As informações são de um ex-operador de drones, que trabalhava na divisão militar responsável por ataques americanos ao Iêmen, Somália, Afeganistão e outros locais, segundo a revista.
Espionagem
A The Intercept, fundada por Greenwald, Laura Poitras e Jeremy Scahill, tem o objetivo de fazer reportagens sobre as revelações de Snowden, asilado na Rússia desde agosto. "Decidimos lançar [a revista] agora porque acreditamos ter uma vital e urgente obrigação com essa história, esses documentos e com o público", diz o texto de apresentação.
A revista digital pertence ao grupo First Look Media, que foi criado por Greenwald após sua saída do "Guardian", em outubro, e é financiado pelo fundador do Ebay, Pierre Omidyar.
A publicação afirma que as ameaças de governantes diante das revelações de Snowden inclusive a prisão do companheiro de Greenwald, o brasileiro David Miranda, em Londes não vão impedir a defesa da liberdade de imprensa.
Os documentos vazados por Snowden denunciaram a vigilância em massa da NSA, que incluía rastreamento telefônico de americanos e de líderes, como Dilma Rousseff e a chanceler alemã, Angela Merkel, o que causou atrito entre os EUA e seus aliados.
O grupo recebeu um investimento de US$ 250 milhões e deve lançar publicações com temas diversos, além de desenvolver novas plataformas digitais.
O objetivo da The Intercept, a longo prazo, é fornecer jornalismo independente sobre abusos da Justiça, violação de liberdades civis, desigualdade social e qualquer forma de corrupção.
Drones
Ainda que a tecnologia tenha permitido a captura de terroristas, o ex-operador de drones diz que a localização de alvos com base no rastreamento de um chip de celular que provavelmente pertence a um suspeito também causa a morte de inocentes.
Segundo ele, líderes do Taleban sabem do método de rastreamento de celular e distribuem chips ou os misturam entre membros da organização para confundir as operações americanas. "Nós não vamos atrás de pessoas, vamos atrás dos seus celulares, com a esperança de que a pessoa tingida pelo míssil seja o "cara mau".
O Bureau of Investigative Journalism estima que pelo menos 273 civis foram mortos em ataques de drones americanos no Paquistão, Iêmen e Somália durante o governo de Barack Obama.