Aviões e helicópteros de combate israelenses bombardearam a Faixa de Gaza neste sábado, deixando pelo menos 208 mortos no território controlado pelo Hamas, num dos dias mais sangrentos para os palestinos em 60 anos de conflito com Israel.
Militantes palestinos responderam lançando foguetes que mataram um israelense e feriram muitos outros, de acordo com médicos da região.
Os militares israelenses disseram que os alvos dos ataques eram "infra-estrutura terrorista". O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, disse que a operação militar "pode levar tempo" e uma fonte militar israelense afirmou que a campanha pode ser ampliada e incluir forças terrestres.
"Não temos limite de tempo e estamos determinados a fazer o que for preciso, incluindo todas as nossas opções, por ar ou por terra", disse o militar israelense a repórteres.
O Hamas informou que pelo menos 100 membros das forças de segurança do grupo foram mortas, além de pelo menos 15 mulheres e crianças, e prometeu vingar o que chamou de "carnificina israelense".
"Não vamos deixar nossa terra, não vamos levantar bandeiras brancas e não vamos ficar de joelhos, exceto diante de Deus", disse Ismail Haniyeh, líder do governo do Hamas na Faixa de Gaza, a um site da Internet.
"Há sangue por todo lugar, há feridos e mártires em todas as casas e em todas as ruas. Gaza hoje foi decorada de sangue... Pode haver mais mártires e pode haver mais feridos, mas Gaza nunca será destruída e nunca vamos nos render", acrescentou Haniyeh.
Uma fumaça negra e espessa tomou o céu sobre a Cidade de Gaza, onde mais de 30 ataques foram realizados, destruindo várias instalações policiais do Hamas, incluindo duas onde aconteciam cerimônias de formatura de novos recrutas.
Imagens de TV mostravam corpos no chão, e mortos e feridos sendo carregados do local. Vários edifícios foram atingidos.
Entre os mortos estavam o chefe de polícia nomeado pelo Hamas, Tawfiq Jabber, o chefe de segurança do Hamas e o governador da região central de Gaza, de acordo com funcionários dos serviços médicos. Segundo médicos de Gaza, o número de palestinos mortos chega a pelo menos 205.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, disse que a ofensiva aérea israelense era "criminosa" e pediu intervenção da comunidade internacional. A Liga Árabe informou que ministros das Relações Exteriores árabes se encontrarão no Cairo, domingo ou segunda-feira, para tomar uma posição comum sobre os ataques israelenses.
A União Européia fez um apelo por um cessar-fogo imediato em Gaza: "Estamos muito preocupados com os eventos em Gaza... pedimos que todos mostrem máxima moderação", afirmou o porta-voz para do chefe de Política Externa da União Européia, Javier Solana.
Já a Casa Branca pediu que Israel evite baixas civis em seus ataques aéreos e afirmou que o Hamas precisa interromper os ataques de morteiros a Israel para cessar a violência. No entanto, Washington não pediu para que Israel interrompa os ataques aéreos.
"Os contínuos ataques de morteiros do Hamas em Israel precisam parar para interromper a violência. O Hamas precisa acabar com suas atividades terroristas se quiser ter um papel no futuro do povo palestino", afirmou o porta-voz da Casa Branca Gordon Johndroe.
A chanceler israelense Tzipi Livni, uma das líderes das pesquisas para o pleito de fevereiro que escolherá o novo primeiro-ministro do país, pediu apoio internacional contra o Hamas, considerado por ela "uma organização extremista islâmica... que tem o apoio do Irã", arquiinimigo de Israel.
"CARNIFICINA ISRAELENSE"
Os ataques aéreos aconteceram após o fim, há uma semana, de uma trégua de seis meses em Gaza. Na quinta-feira, o premiê de Israel, Ehud Olmert, alertou o Hamas para que parasse de disparar foguetes contra alvos israelenses ou então que enfrentasse as consequências.
Uma dezena de foguetes foi disparada de Gaza na sexta-feira. Um matou de forma acidental, no norte de Gaza, duas crianças palestinas, segundo médicos.
Neste sábado, corpos eram empilhados, e feridos se contorciam em dor. Os que mostravam sinais de vida eram levados para carros e ambulâncias.
Alguns dos que faziam o resgate batiam na própria cabeça e gritavam: "Allahu akbar" (Deus é grande). Testemunhas disseram que os ataques foram realizados por aviões e helicópteros de combate.
Mais de 700 palestinos ficaram feridos, de acordo com os médicos.
"Todos os combatentes têm a ordem de responder à carnificina israelense", afirmou um comunicado do Jihad Islâmico. O Hamas e outros grupos armados se pronunciaram no mesmo sentido.
O ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, afirmou que a operação militar em Gaza terá longa duração e será ampliada se necessário. "Não será fácil e não será curta", disse Barak a jornalistas.
Em março, uma ofensiva israelense de cinco dias matou mais de 120 pessoas.
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