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| Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo

Se você é daqueles que não dispensa um cafezinho pela manhã ou após as refeições, é bom se preocupar com o aquecimento global. O que uma coisa tem a ver com a outra? Segundo pesquisadores britânicos, as mudanças climáticas no planeta podem levar, até o fim do século, à extinção da variedade do grão que é mais usada para preparar a bebida, como aponta reportagem da BBC.

Embora existam mais de 124 espécies de cafés no mundo, só duas são populares para o cafezinho: Robusta e Arábica. A primeira é responsável por 30% dos cafés consumidos no planeta. A outra, por pelo menos o dobro disso – é mais saborosa e suave.

O problema é que a Arábica é uma planta muito sensível, que suporta pouca variação climática e morre se exposta a chuvas excessivas.

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Em 2012, pesquisadores britânicos descobriram que as áreas onde a espécie Arábica pode ser cultivada na Etiópia – seu país de origem – reduziram. Eles decidiram então fazer um estudo para descobrir como será o comportamento no resto do século. Chegaram à conclusão de que até 2080 as áreas produtivas reduzirão entre 85% e 99,7% (na pior das hipóteses).

Apesar de a Etiópia cultivar uma espécie selvagem da Arábica, os especialistas garantem que o mesmo acontecerá com as espécies comerciais, cultivadas em países como Brasil, Costa Rica, e Colômbia, por exemplo. E com um agravante.

“As espécies selvagens têm uma genética muito mais diversificada. Tudo que acontece com elas, é muito mais intenso nas espécies comerciais, que têm genética menos rica”, diz o analista Justin Moat.

“Se não fizermos nada nos próximos 20 anos, o grão Arábica desaparecerá até o fim do século”, diz Aaron Davis, cientista que liderou a pesquisa.

A equipe de pesquisa agora trabalha com o governo etiópio para achar uma maneira de conservar a produção do café mesmo com estas ameaças. Uma das soluções é tentar levar as plantações para áreas mais altas, onde o clima é mais ameno. Alguns terrenos onde hoje é impossível plantar café podem se tornar adequados para o cultivo, afirma o pesquisador-chefe.

Além disso, especialistas trabalham na mistura dos grãos Arábica com os de outras espécies para tentar torná-la mais resistente. Uma das dificuldades, porém, é que outras variedades de grão talvez não tenham um sabor tão “palatável”.

Soluções que tentam agradar a um mercado gigantesco. No mundo todo são consumidas diariamente 2 bilhões de xícaras de café. E cerca de 25 milhões de famílias dependem do café para a sua existência. Nos últimos 15 anos, o consumo da bebida cresceu 43%.

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