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As vitórias de Rick Santorum nos estados de Tennessee, Oklahoma e Dakota do Norte na superterça oferece uma oportunidade para apreciar o quanto ele tem se saído bem, apesar de suas enormes desvantagens. Trata-se, afinal de contas, de um candidato que entrou nas primárias sem dinheiro, sem patrocínios, sem apoio nacional e arrastando a bagagem de sua desastrosa reeleição ao Senado de 2006.

Há apenas dois meses, o ex-senador da Pensilvânia era apenas um sem-chances na corrida pela indicação republicana. Há apenas um mês, depois da Carolina do Sul e da Flórida, ele não passava de alguém cujos quinze minutos haviam acabado.

E, no entanto, ele acabou se tornando o mais formidável dos oponentes de Mitt Romney.

A explicação fácil para a improvável ascensão de Santorum é que ele deu sorte. Quase todos os candidatos republicanos tiveram seu momento em algum ponto, sua semana ou duas como um pseudoconcorrente, e, ao contrário de Michele Bachmann, Herman Cain e Rick Perry antes dele, o momento de Santorum ao sol parece coincidir com a eleição de fato.

Mas isso não dá conta de descrever o que esse conservador de suéter social conseguiu fazer. É fácil receber um aumento de apoio quando o campo é amplo, o escrutínio é leve e as pesquisas são puramente hipotéticas. É mais difícil transformar esse aumento em votos reais e depois continuar ganhando votos após seus oponentes direcionarem suas armas contra você. E é particularmente difícil obter esses votos não em apenas um ou dois estados onde se tenha feito uma campanha intensa ou onde se tenha contato pessoal direto, mas entre estados e regiões diferentes, contra uma oposição determinada e com dinheiro.

É isso que separa Santorum dos outros concorrentes de Romney: Ele é o único que chegou perto de reunir uma aliança nacional por trás de sua candidatura. Ele teve sua cota de derrotas catastróficas, mas ganhou ou teve um desempenho respeitável nos Estados Montanhosos, nas Grandes Planícies, na Região Centro-Oeste e agora no Sul.

As alianças de Santorum são mais ou menos as mesmas que Mike Huckabee tentou reunir em 2008. Com uma mescla demográfica de evangélicos e trabalhadores republicanos, e com uma mensagem conservadora sobre assuntos sociais, porém mais populista do que as tendências a Wall Street do partido, ele se provou capaz de sucesso em estados de Minnesota ao Mississipi, das Montanhas ao Cinturão da Ferrugem.

Mas o principal argumento doméstico que ele apresentou – sobre o elo entre a desestruturação da família e os problemas econômicos – tem mais relevância para os desafios que os americanos do começo do século 21 estão enfrentado do que a nostalgia da era Reagan, que com muita frequência se passa por política, dos demagogos do partido, no que diz respeito a corte de impostos e política internacional. Nosso país é onde astronômicas expectativas sobre a economia coexistem com a estagnação dos salários da classe média, e onde a idealização da vida de casado coexiste com um número crescente de nascimentos fora do casamento. Nessa atmosfera, a fusão de um conservadorismo social (moderado) com um populismo de tendência econômica de direita pode acabar tendo um apelo mais amplo do que muitas visões alternativas de centro-direita.

Se isso acontecerá de verdade ou não, depende da capacidade dos futuros candidatos republicanos à presidência de aprender, se adaptar e se aperfeiçoar com base no modelo Huckabee-Santorum. Se fizerem isso, é possível que o que Santorum conseguiu nos últimos meses seja lembrado, não como os últimos brilhos do passado republicano, mas como um esboço plausível do futuro.

Tradução: Adriano Scandolara.

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