Paris Um silêncio reverente toma a sala em que um Prêmio Nobel de Física concede uma entrevista coletiva. A sensação de um jornalista é de que toda pergunta que possa ter elaborado será vista como frugal por um gênio. Ontem, na sede do Conselho Nacional de Pesquisa Científica, de Paris, coube ao francês Albert Fert, 69 anos, estimular perguntas, fazer brincadeiras, quebrar o gelo e lembrar a todos que a Ciência é feita por pessoas comuns e, mais importante, para pessoas comuns. Confira trechos da entrevista concedida à Agência Estado.
Agência Estado Quais são as aplicações de sua pesquisa?
Albert Fert A tecnologia permite armazenar informações em discos rígidos de um tamanho muito pequeno, comparáveis ao de uma moeda. Essa característica permite ampliar os usos do disco rígido e aplicá-lo à eletrônica portátil, como os walkmans, as câmeras fotográficas e celulares. Logo, a magnetoresistência gigante representou uma extensão do computador, ou de sua tecnologia, à informática de grande alcance de público.
O senhor imaginava que sua invenção teria o uso que tem?
As amplitudes de uso dessa pesquisa reforçam minha confiança na Ciência. Há uma imensa liberdade para os pesquisadores. Quando vejo alguém usando um aparelho na rua que foi desenvolvido graças a essa invenção, acho divertido. Há alguns anos, algo como esse aparelho era apenas uma cogitação de espírito, uma teoria que poderia se concretizar. Mas é passado. O futuro é mais excitante.
Houve contribuição importante de brasileiros em sua descoberta?
Um dos pesquisadores brasileiros que estiveram em nosso laboratório contribuindo com o desenvolvimento da pesquisa, Dante Mosca (hoje professor da Universidade Federal do Paraná), assinou um dos artigos mais citados pela comunidade científica. Tivemos vários bons pesquisadores brasileiros no nosso laboratório. Sei que Dante Mosca ainda tem ótimas idéias, mas sei também que ele precisará de muita sorte. Curitiba não é um grande centro para desenvolvimento da pesquisa.
Houve outros pesquisadores brasileiros nessa época, não?
Mário Baibich, por exemplo, era pós-doutorando de meu laboratório à época da descoberta da GMR. Ele é também um dos signatários do artigo de que falo. Há outros, claro.
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