O presidente norte-americano, Barack Obama, reuniu líderes mundiais nesta terça-feira em uma cúpula sem precedentes sobre a prevenção do terrorismo nuclear, tendo como pano de fundo uma campanha liderada pelos EUA a favor de novas sanções contra o Irã por seus planos nucleares.
À frente de uma conferência de 47 países, Obama pediu ações globais conjuntas para impedir a circulação de materiais nucleares avulsos, avisando que, se a Al Qaeda obtivesse uma arma atômica, isso seria "uma catástrofe para o mundo".
"Duas décadas após o fim da Guerra Fria, enfrentamos uma ironia cruel da história: o risco de um confronto nuclear entre países diminuiu, mas o risco de um ataque nuclear aumentou", disse Obama.
"Assim, o dia de hoje é uma oportunidade não apenas para discutirmos, mas para agirmos", disse Obama. "Não apenas para fazer promessas, mas para fazer progressos reais em prol da segurança de nossos povos."
Autoridades dos EUA buscaram organizar a cúpula de modo a focar estreitamente a questão da segurança nuclear, evitando confrontos entre um grupo refratário que abrange desde potências nucleares tradicionais, como Rússia e Grã-Bretanha, até inimigos dotados de armas nucleares, como Índia e Paquistão.
Mas, nos bastidores do encontro de dois dias, Obama vem conduzindo uma campanha intensiva para intensificar a pressão internacional sobre o Irã com relação a seu programa nuclear.
A Casa Branca disse que Obama obteve do presidente da China, Hu Jintao, uma promessa crucial de ajudar a redigir uma nova resolução da ONU com sanções ao Irã.
Mas a China ressaltou na terça-feira que quer que qualquer possível resolução do Conselho de Segurança relativo ao Irã promova uma saída diplomática do impasse nuclear. O Irã, que não está presente na conferência, é o terceiro maior fornecedor de petróleo da China.
Também está ausente da conferência a Coreia do Norte, outro país visto pelo Ocidente como criador de problemas nucleares. Mas Obama enviou uma mensagem clara a Pyongyang quando anunciou que a Coreia do Sul vai sediar a próxima cúpula sobre segurança nuclear, em 2012.
Ameaça global
Citando o terrorismo nuclear como a maior ameaça isolada à segurança global, Obama buscou um acordo com relação a um plano de ação para garantir a segurança de todos os materiais físseis vulneráveis no mundo no prazo de quatro anos, para impedir o acesso a eles de grupos como a Al Qaeda.
Um rascunho de comunicado que estava sendo preparado para a sessão de encerramento da cúpula, na terça-feira, mostrava que é provável que a cúpula endosse esse objetivo, embora os meios para isso não devem ficar claros.
O assessor de Obama para o contraterrorismo, John Brennan, disse na segunda-feira que a Al Qaeda definiu como sua maior prioridade adquirir o know-how e os materiais para produzir uma bomba, mas que ainda não o conseguiu. Ele disse que quadrilhas criminosas enganaram a Al Qaeda, oferecendo materiais falsos à rede terrorista.
A maior cúpula sediada pelos Estados Unidos em mais de seis décadas representa um teste da capacidade de Obama de dinamizar a ação global sobre uma agenda nuclear mais ampla que prevê, no futuro, livrar o planeta de todas as armas atômicas.
Mas alguns países são céticos quanto à seriedade da ameaça de segurança nuclear, enxergando-a como uma preocupação sobretudo norte-americana, após os ataques lançados pela Al Qaeda aos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001.
Embora pareça pouco provável que a cúpula resulte em avanços inesperados, ela já rendeu vários dividendos.
O mais recente é o plano de Washington e Moscou de assinarem na terça-feira um tratado para reduzir os estoques de plutônio excedente de pureza própria para a produção de bombas. Autoridades dos EUA disseram que cada país vai livrar-se de 34 toneladas métricas do material.
A Ucrânia, que em 1994 abriu mão das armas nucleares herdadas do colapso da União Soviética, anunciou que vai livrar-se de seu urânio altamente enriquecido, e o Canadá vai devolver combustível nuclear gasto aos Estados Unidos, seu fornecedor.
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