Os confrontos provocados pela morte de um adolescente negro desarmado pela polícia americana se tornaram mais violentos e o presidente Barack Obama pediu à polícia "transparência" e criticou o "uso excessivo de força".
A polícia de Ferguson, pequena cidade do Estado do Missouri (EUA), prendeu dois jornalistas e quinze manifestantes durante a quarta noite de protestos pela morte do adolescente negro Michael Brown, 18, morto por um policial no sábado passado.No domingo (10) e na segunda-feira (11), os protestos foram reprimidos duramente. Houve saque e destruição de estabelecimentos comerciais vizinhos. Mais de 50 pessoas já foram presas.
Nos protestos desta quarta-feira (13), a polícia usou uniforme camuflado, gás lacrimogêneo e tanques contra centenas de manifestantes. Um repórter do "Washington Post", que digitava em seu laptop em uma lanchonete do McDonald's, foi detido "por demorar a guardar suas coisas e se retirar", segundo a polícia local. O repórter do Washington Post, Wesley Lowery é negro.
Um morador de Ferguson, Anthony French, que estava postando nas redes sociais fotos, vídeos e depoimentos da repressão local, também foi detido.
Obama
O presidente americano Barack Obama falou nesta quinta (14) que a polícia de Ferguson tem a "obrigação de ser aberta e transparente" e que não há desculpa para "uso excessivo de força ou prender manifestantes por seu direito de se expressar, ou de prender jornalistas fazendo seu trabalho".
Em um discurso televisionado, ele disse que tampouco há desculpa para quem usa protestos para "vandalismo e saques". "Todos devemos elevar nosso padrão de conduta, especialmente quem está em posição de autoridade".
Versões desencontradas
A polícia local se negou a revelar a identidade do agente que atirou e matou Brown, que estava a semanas de começar as aulas no primeiro ano da faculdade.A autópsia do jovem revela que ele levou vários tiros e agora o FBI estuda o caso. Segundo a polícia, Brown começou a brigar com um policial que estava em uma viatura e tentou retirar a sua arma. Brown estava desarmado.
Segundo parentes e três testemunhas, Brown não atacou o policial e que estava com os braços para o alto quando levou os tiros.
Ferguson, de 21 mil habitantes, tornou-se uma cidade de população maioritariamente negra (2/3 da população) nas últimas duas décadas, mas do prefeito à polícia, o governo ainda é quase todo formado por brancos.
A prefeitura postou um comunicado em seu site na internet pedindo que manifestantes "se limitem a fazer protestos somente à luz do dia, de maneira organizada e respeitosa". Todas as passeatas têm acontecido à noite. O chefe da Polícia local, Thomas Jackson, disse que isso não significava um toque de recolher.
Casos recentes de homicídios de negros que estavam desarmados provocaram protestos em todo o país e desafiaram a ideia de que os EUA viveriam um momento "pós-racial" com a chegada do presidente Barack Obama à Casa Branca.
O adolescente Trayvon Martin foi morto na Flórida quando caminhava para casa por um vizinho, George Zimmerman, que achou o comportamento de Martin "suspeito". Zimmerman foi absolvido.
No mês passado, o ambulante Eric Garner, 43, foi morto aos gritos de "não posso respirar", quando policiais o jogaram ao chão, após uma chave de braço. Ele era asmático. Um vizinho gravou o episódio em seu celular e o vídeo viralizou e foi exibido pelas TVs americanas.
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