Soldados das forças curdas de Peshmerga e voluntários tomam posição na cidade de Amerly, no Noroeste do Iraque, para combater as forças do Estado Islâmico| Foto: EFE

Unesco pede cessação da "limpeza cultural" no Iraque

A diretora geral da Unesco, Irina Bokova, pediu neste sábado que haja uma cessação "do que parece uma limpeza cultural" no Iraque por parte das milícias do Estado Islâmico (EI), que representa "uma violação direta do direito internacional humanitário".

"É inaceitável que indivíduos sejam privados de seus direitos elementares e perseguidos e assassinados por suas crenças, suas origens ou suas expressões culturais", declarou, em comunicado, a máxima responsável da Organização da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Bokova ressaltou que "os ataques contra os civis e as minorias constituem uma violação direta do direito internacional humanitário".

"A proteção dessas pessoas é imperativa e inseparável da proteção de suas culturas vivas e de seus patrimônios", acrescentou a diretora geral da Unesco, que criticou duramente as informações que relatam "perseguições sistemáticas de minorias, ataques contra as comunidades cristãs, turcomanas e yazidís no norte do Iraque".

Trata-se de "ataques diretos a nossa diversidade cultural comum, que é uma característica inerente da Humanidade", segundo Bokova.

"Peço a cessação imediata da violência e a proteção da diversidade que construiu a riqueza e a vitalidade da cultura iraquiana ao longo de milhares de anos e que representa um testemunho único da evolução da civilização e um símbolo da coexistência pacífica", concluiu.

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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, assegurou neste sábado (9) que os ataques aéreos americanos contra os jihadistas que estão tomando o Curdistão iraquiano, no norte do país, continuarão enquanto for necessário. "Temos pessoas que vivem nos Estados Unidos servindo no Iraque, incluindo nossa embaixada em Bagdá, e faremos o que for necessário para proteger nosso povo", disse o presidente em sua mensagem semanal dos sábados divulgado em vídeo pela Casa Branca. O governante, porém, garantiu que os EUA não serão "arrastados" para outra guerra no país.

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Obama afirmou que autorizou operações no Iraque devido à aproximação de forças terroristas da cidade curda de Erbil. "Na quinta-feira, deixei claro que, se eles tentassem se aproximar mais, iríamos responder com ataques. É isso que fizemos e o que continuaremos a fazer, se necessário", frisou. O presidente americano também destacou o esforço humanitário dos EUA para ajudar civis iraquianos presos em uma montanha na fronteira curda, argumentando que os terroristas, que compõem o grupo autodenominado Estado Islâmico, têm sido especialmente brutais com minorias religiosas. "Dezenas de milhares de iraquianos que fugiram para essa montanha estavam morrendo de fome e sede. A comida e a água que levamos vão ajudá-los a sobreviver", afirmou.

Obama foi firme ao dizer que os EUA não podem intervir todas as vezes em que houver uma crise no mundo, mas afirmou não poder "desviar o olhar" quando inocentes enfrentam um "massacre" e os americanos têm a capacidade de evitá-lo. Ele explicou que os EUA continuarão com uma estratégia mais ampla no Iraque, que não envolve uma nova guerra ou o retorno das tropas americanas ao país. "Como presidente, não vou deixar os EUA serem arrastados para outra guerra no Iraque", frisou. "O que faremos é continuar com nossa estratégia de proteger os cidadãos e ajudar a evitar que terroristas tenham um porto seguro do qual possam atacar os EUA." "Vamos trabalhar com a comunidade internacional para fazer frente a esta crise humanitária. Ajudaremos a evitar que estes terroristas tenham um refúgio seguro permanente desde onde atacar os Estados Unidos. E continuaremos pedindo às comunidades iraquianas a conciliação, a união e luta contra estes terroristas", acrescentou.

Washington completou nesta sexta-feira (8) a segunda operação de lançamento de ajuda humanitária para as dezenas de milhares de refugiados isolados no monte Sinjar, no norte do Iraque, na qual aviões militares de carga lançaram sobre os refugiados comida e água potável para ao redor de 30 mil pessoas.

Junto a esta segunda rodada de lançamento aéreo de mantimentos, o Pentágono executou a primeira parte dos bombardeios seletivos sobre posições dos milicianos jihadistas perto de Erbil, zona na qual há pessoal americano.

Insurgentes avançam no Iraque

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Insurgentes sunitas estenderem neste sábado (8) o avanço ao longo das fronteiras da região curda semiautônoma do Iraque, no norte do país. O grupo que se autodenomina Estado Islâmico (antigo Estado Islâmico do Iraque e do Levante) começou uma nova ofensiva esta semana, aproximando-se da capital curda de Erbil. Eles assumiram o controle de Sheikhan, uma cidade mais ao norte e próxima da província curda de Dohuk.

Os militantes parecem estar tentando conectar as cidades que invadiram ao longo da fronteira do território curdo, o que tem deixado os moradores da região em pânico. O avanço ocorreu mesmo após duas rodadas de ataques dos EUA, que visavam impedir a aproximação dos insurgentes de Erbil. Ontem, aviões norte-americanos destruíram bases e comboios dos extremistas.

O Comitê de Resgate Internacional informou que está fornecendo ajuda médica para 4 mil Yazidi refugiados na província síria de al-Hasakeh. Muitos estavam desidratados após terem passado seis dias sem água e comida.

Eleição

Em Bagdá, onde as notícias sobre os ataques aéreos norte-americanos perto de Erbil têm sido praticamente minimizadas por uma corrida eleitoral para escolher um novo primeiro-ministro, as pessoas se reuniram em uma praça para manifestar apoio ao premiê do Iraque, Nour al-Maliki. Maliki, que é xiita, está determinado a conquistar um terceiro mandato, apesar da significativa pressão dos EUA e da própria comunidade xiita para que ele permita a formação de um governo mais consensual.

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A manifestação foi transmitida ao vivo por um canal de televisão de propriedade do partido político de Maliki, Dawa.