O presidente Barack Obama afirmou nesta segunda-feira (13) que não há evidências claras de que o atirador responsável pela chacina na boate de Orlando tenha sido “direcionado por um grupo no exterior”. Alertando que as investigações do caso estão em seu estágio preliminar, o presidente disse que Omar Mateen, autor do massacre, aparentemente “absorveu várias informações de extremistas” achadas na internet.
“Parece que foi de última hora que ele anunciou sua lealdade ao EI, mas não há evidências até agora de que de fato ele foi direcionado por eles”, afirmou. “Não há evidência direta de que ele foi parte de um complô maior”, acrescentou. Obama lembrou de outros atentados caseiros desconectados com a fé muçulmana, como o extermínio de nove pessoas numa igreja numa comunidade negra de Charleston, Carolina do Sul, em 2015.
O EI assumiu a responsabilidade pelo massacre, afirmando que o ataque foi realizado por “um dos soldados do califado”. Ante a repercussão dos acontecimentos em plena campanha eleitoral, Obama apelou para a unidade.“Estamos também avaliando todas as motivações do assassino, mas isso é uma recordação de que, independente de raça, religião, fé ou orientação sexual, somos todos americanos”.
“Precisamos cuidar de um dos outros e proteger uns aos outros todo o tempo diante desse tipo terrível de ato”, concluiu.
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A Casa Branca exigiu nesta segunda-feira que o Congresso, controlado pelos republicanos, aprove a legislação que impede os extremistas de terem acesso a armas de guerra como a que foi usada no massacre de Orlando. “Existe um certo bom senso de que o Congresso poderia tornar mais difícil que indivíduos ponham suas mãos em uma arma de guerra”, afirmou o porta-voz Josh Earnest. O porta-voz acrescentou que o presidente Obama se sente muito frustrado em relação à falta de ação dos congressistas neste aspecto.
Repercussão na política
O ataque em Orlando gerou uma série de debates políticos na mídia dos EUA. Além do posicionamento de Obama, os prováveis candidatos à Presidência, Donald Trump e Hillary Clinton, falaram sobre o atentado.
O republicano Trump acusou a rival democrata, Hillary, de não ter coragem de usar o termo “Islã radical”, o que ela acabou fazendo. Ao lamentar o atentado, Hillary fez menções diretas ao perfil da boate, LGBT. Trump, não.
As respostas de Trump e Hillary ao mais mortífero homicídio em massa na história moderna dos Estados Unidos são um estudo sobre os contrastes entre os dois virtuais candidatos à Presidência -um dos quais em breve estará liderando um país que teme o terrorismo, a violência armada e a interseção muitas vezes impiedosa entre as duas coisas.
FBI diz ter convicção de que atirador de Orlando se radicalizou pela internet
A polícia federal americana, o FBI, está convicto de que o autor do massacre na boate de Orlando se radicalizou através da internet, segundo afirmou nesta segunda-feira seu diretor James Comey. “Estamos altamente seguros de que o assassino se radicalizou e, ao menos, parte através da internet”, afirmou Comey em uma coletiva de imprensa no dia seguinte ao tiroteio que deixou 49 mortos, mais o atirador, e 53 feridos, e que foi reivindicado pelo grupo jihadista Estado Islâmico.
O FBI, além de conduzir uma investigação completa no local do massacre, também mobilizou recursos significativos para vasculhar o passado de Omar Mateen. “A investigação continua e apenas esta noite processamos uma centena de pistas”, informou nesta segunda-feira (13) o agente especial Paul Wysopal, encarregado do caso. “Como vocês sabem desde os ataques de 11 de setembro não deixamos nenhuma pista para trás e é a mesma coisa hoje”, alertou.
O assassino, funcionário de uma empresa de segurança, atacou o Pulse às 2h da manhã de domingo com um rifle e uma pistola. Depois de matar várias pessoas, ele se entrincheirou no banheiro com reféns e telefonou aos serviços de emergência para reivindicar sua “lealdade” ao grupo Estado Islâmico.
Um dos feridos, Angel Colon Jr., descreveu a seu pai um agressor confiante, que agiu de forma metódica. “Ele passava por cada pessoa caída no chão e atirava para ter certeza de que ela estava morta”, disse ao sair do hospital Orlando Regional Medical Center, Angel Colon, após visitar seu filho.
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O massacre lembra o cometido na casa de espetáculos parisiense Bataclan, em 13 de novembro, com uma tomada de reféns que foi seguida de um massacre.
“Quando a situação parecia estável e o suspeito estava no banheiro, nossos negociadores falaram com ele e não houve disparos neste momento”, indicou o chefe de polícia John Mina.
“Mas ele falou sobre coletes explosivos, explosivos colocados em todas as partes, bem como declarações sobre outras mortes iminentes, e é por isso que tomamos a decisão” de invadir o local. “Sabíamos que era a decisão certa e acreditamos que conseguimos salvar muitas, muitas vidas”, acrescentou.
Perguntado se as vítimas foram atingidas por balas da polícia, Paul Mina disse que estava investigando para determinar: “pito ou nove dos nossos agentes da SWAT (as unidades de elite) abriram fogo”, informou o chefe de polícia.
O suspeito era supervisionado pelo FBI, que o interrogou três vezes entre 2013 e 2014 por “eventuais laços com terroristas”.
O primeiro interrogatório aconteceu em 2013 sobre palavras radicais que ele teria proferido em seu local de trabalho. Após interrogar seus colegas, monitorar e verificar seus passos, o FBI não foi capaz de provar que Omar Mateen tinha realmente feito as declarações e encerrou o caso.
Um ano depois, um novo interrogatório, desta vez sobre suas ligações com Moner Mohammad Abusalha, um americano da Flórida que se juntou ao grupo Estado Islâmico antes de morrer em um atentado com caminhão-bomba em maio de 2014.
O FBI considerou na época que o contato entre os dois homens era “mínimo” e que “não havia uma relação significativa ou uma ameaça”.
De acordo com a CNN, o assassino visitou em 2011 e 2012 a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos para realizar peregrinações religiosas.
Sua família garante que seu ato não tem ligação com a religião, acreditando em razões meramente homofóbicas. Citando um passado marcado pela violência doméstica, sua ex-mulher afirma que nunca o viu apoiar o terrorismo.
O Estado Islâmico confirmou, por sua vez, em sua rádio, a reivindicação do massacre de Orlando.
Deixado em liberdade, sem antecedentes criminais, Omar Mateen tinha duas licenças para a compra de armas, com as quais adquiriu, alguns dias antes do ataque, uma pistola e uma arma longa.
Comoção em todo o mundo
O tiroteio, o pior da história dos Estado Unidos, provocou uma onda de comoção e homenagens em todo o mundo. O papa Francisco evocou “uma nova manifestação de uma loucura mortal e de um ódio insensato”.
Em Orlando, as primeiras manifestações ocorreram no domingo, principalmente em uma igreja na presença do governador Rick Scott, mas outra, maiores são esperadas nesta segunda-feira.
A associação de defende dos direitos da comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) Equality Florida anunciou uma manifestação nesta segunda à noite no lago Eola, um dos muitos lagos que salpicam a área.
As autoridades começaram a divulgar os nomes das vítimas, conforme a identificação avança. Entre as vítimas – com entre 19 e 50 anos – muitos nomes hispânicos.
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