Obama acredita que os presidentes do Fed estão atuando acima das diferenças políticas: McCain crítica o banco central dos EUA, dizendo que ele foi longe demais nas recentes operações de resgate| Foto: Carlos Barria / Eric Miller / Reuters

O candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, elogiou os esforços do secretário do Tesouro americano, Henry Paulson, e do presidente do Federal Reserve Bank, Ben Bernanke, para reagir à atual crise financeira enfrentada pelo país, mas defendeu um acordo coordenado internacionalmente que coloque à frente os contribuintes, e não investidores irresponsáveis. Já o candidato republicano John McCain, rival de Obama na corrida pela Casa Branca, fez poucos elogios e algumas críticas. McCain pediu por uma política mais consistente do Tesouro americano para escorar empréstimos do setor privado e sugeriu que o Federal Reserve, banco central dos EUA, foi longe demais nas recentes operações de resgate. Ele pediu mais transparência ao mercado financeiro.

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A declaração de Obama foi feita no fim da noite desta quinta, depois de uma série de reuniões de emergência realizada no Congresso dos EUA. O candidato democrata afirmou que tem mantido contato freqüente com Paulson e Bernanke desde o agravamento da crise.

Segundo Obama, o secretário do Tesouro e o presidente do Fed estão atuando acima das diferenças políticas. Ele aproveitou também para alfinetar seu rival na disputa pela Casa Branca, o republicano John McCain.

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"É essencial que nesse momento os mercados e o público tenham a confiança de que seu trabalho não será prejudicado por desavenças políticas e que os líderes de ambos os partidos trabalhem em conjunto para solucionar a crise", declarou Obama, que é senador pelo Estado de Illinois.

McCain respondeu nesta sexta-feira. Segundo ele, Obama foi hipócrita, ao aceitar contribuições para sua campanha dos bancos pára estatais Fannie Mae e Freddie Mac, que foram socorridos pelo Federal Reserve, na esteira da crise das hipotecas.

Segundo o Centro para a Política Responsável, uma Organização Não Governamental (ONG), os dois bancos doaram US$ 165 mil ao escritório político de Obama. McCain recebeu US$ 21 mil em doações dos bancos. O candidato republicano também criticou muito Obama por este ter escolhido Jim Johnson, ex executivo-chefe da Fannie Mae, para fazer parte da equipe vice-presidencial da sua chapa.

"Enquanto a Fannie Mae traía a confiança do público, de alguma maneira seu ex-dirigente conseguiu conquistar a confiança do meu rival, ao ponto que o senador Obama o escalou para participar do comitê que ajudou a escolher o candidato a vice-presidente na sua chapa", disparou McCain. Johnson renunciou ao cargo na campanha de Obama há dois meses, após ter sido revelado que ele tomou um empréstimo a juros mais baixos porque trabalhou no banco.

O republicano sugeriu uma volta do Federal Reserve à sua missão original: "O Federal Reserve deveria voltar à sua responsabilidade original, de administrar nosso dinheiro e a inflação. O Fed precisa voltar a proteger o poder de compra do dólar. Um dólar forte reduzirá os preços da energia e dos alimentos. Estimulará crescimento econômico sustentável e permitirá que essa economia se mova novamente", ele disse.

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Na opinião de Obama, qualquer plano do governo deve ter caráter temporário e ser mais rigoroso com Wall Street. Além disso, os EUA deveriam guiar outras grandes economias "numa resposta internacionalmente coordenada à presente crise, assim como numa maior cooperação regulatória para impedir crises semelhantes no futuro".

O democrata disse que divulgaria um plano detalhado depois de o governo apresentar sua proposta.

A Casa Branca anunciou que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, autorizou o Tesouro a fornecer US$ 50 bilhões para dar garantia de liquidez aos fundos mútuos de mercados monetários, onde estão depositadas as economias e as aposentadorias de muitas famílias americanas.

Para Obama, o apoio do governo Bush a Wall Street deve também englobar o apoio aos americanos comuns. "Há muito tempo, esse governo busca soluções rápidas para ajudar as empresas de Wall Street e demora quando se trata de permitir que os cidadãos mantenham seus empregos e que as famílias não percam suas casas", acusou.

"Medidas rápidas e sem precedentes para ajudar Wall Street devem vir aliadas a esforços igualmente rápidos e sérios para ajudar as famílias, criar empregos e fazer com que nossa classe média volte a crescer."

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Obama observou ainda que qualquer resgate do sistema financeiro bancado pelos contribuintes deve concentrar-se em alavancar a economia, "e não em recompensar companhias específicas ou decisões imprudentes de emprestadores e tomadores de empréstimos".

Joseph Biden

O candidato a vice-presidente dos EUA na chapa democrata, o senador Joseph Biden, disse nesta sexta-feira que "acabar com a mentalidade de caubói da era Bush-McCain" faz parte da solução da crise financeira americana.

"Esses caras rezaram no santuário da desregulamentação do mercado", disse Biden para uma platéia de mil partidários, em um discurso no condado de Loudoun, subúrbio de Washington no estado da Virgínia.

Biden alfinetou McCain com a crise financeira, ao notar que até recentemente o candidato republicano dizia que os fundamentos da economia dos Estados Unidos eram sólidos. As informações são da Dow Jones e da Associated Press.

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