O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou nesta quarta-feira que líderes da Europa e dos EUA devem pressionar por reformas democráticas no Oriente Médio e norte de África e encerrar as desconfianças sobre as intenções do Ocidente na região.
Obama delineou um manifesto para responder aos protestos da "Primavera Árabe", durante discurso que fez dele o primeiro presidente dos EUA a apresentar-se nas duas Casas do Parlamento britânico no histórico Westminster Hall, cujas muralhas estão impregnadas de mil anos de história britânica."Em última análise, a liberdade deve ser conquistada pelo próprio povo, e não imposta de fora. Mas podemos e devemos estar com aqueles que lutam por ela", disse Obama.
Em um discurso que marcou sua viagem a quatro nações europeias, Obama disse que cabe aos Estados Unidos, Grã-Bretanha e seus aliados europeus a liderança numa época em que o mundo está sendo testado pela crise econômica, pelas revoltas nos países árabes, militantes islâmicos, mudanças climáticas e os esforços para propagar armas nucleares.
China, Brasil e Índia estão se desenvolvendo, disse ele, e isso deve ser saudado, porque milhões de pessoas estão saindo da pobreza em todo o mundo.
O presidente norte-americano, no entanto, negou que o tempo da influência norte-americana e europeia em todo o mundo tenha passado.
"Esse argumento está errado", disse ele. "O momento para a nossa liderança é agora. A nossa aliança continuará a ser indispensável para a meta de um século mais pacífico, mais próspero e mais justo".
Obama, que pretende impulsionar os movimentos de reforma democrática no norte de África e no Oriente Médio, advertiu que levará algum tempo para os levantes de uma série de nações terem um desfecho. Ele disse que as revoltas -- que tomaram do Egito à Síria -- comprovam a oposição à visão de mundo da Al Qaeda.
"A história nos diz que a democracia não é fácil. Passarão anos antes que essas revoluções cheguem à uma conclusão, e haverá dias difíceis ao longo do caminho. O poder raramente desiste sem brigar", disse.
O próprio Obama atraiu críticas em seu país por uma resposta lenta demais aos acontecimentos na região e por contribuir para um impasse na Líbia, onde o líder Muamar Kadafi está se mantendo no poder.
Obama tem variado a resposta dos EUA à insurreição árabe. Ele está usando os militares dos EUA na Líbia, mas não pediu a renúncia do presidente sírio, Bashar al-Assad, apesar da repressão contra os manifestantes sírios.
Ele pediu ao presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, considerado no passado como um importante aliado contra a Al Qaeda, para transferir o poder, mas apenas incentivou os governantes do Barein, sede da Quinta Frota dos EUA, para que libertem os líderes da oposição presos e mantenham o diálogo.
Nesta quarta-feira, Obama afirmou: "Não podemos deter cada injustiça", e prometeu que os Estados Unidos vão prosseguir "com humildade e sabendo que não podemos ditar os resultados no exterior".
Obama chegou à Europa semanas após ganhar um importante impulso político interno depois da missão norte-americana que matou o líder da Al Qaeda, Osama bin Laden.
O presidente disse que o Ocidente "deve superar a desconfiança e suspeita entre muitos no Oriente Médio e norte da África -- uma desconfiança que está enraizada em um passado difícil".