Enquanto opositores à reforma da saúde saíram às ruas de Royal Oak, no Michigan, para protestar contra a decisão da Câmara, em Washington, médicos organizaram manifestação a favor do projeto do governo aprovado pelos deputados| Foto: Bill Pugliano/Getty Images/AFP e Mark Wilson/Getty Images/AFP

Opinião

Um marco histórico

Mike Littwin, colunista do Denver Post

No final, após todos os votos dos deputados terem sido contados, uma coisa ficou certa: o projeto de reforma da saúde vai se transformar em lei. Esse fato representa que um sistema de saúde universal, para todos, finalmente será realidade nos EUA.

Isso não é algo pequeno. Na verdade, é algo enorme.

As próximas gerações, seus filhos e netos, irão perguntar se um dia houve uma América onde nem todos tinham acesso à saúde. Ao ouvir essa pergunta, você vai balançar a cabeça e dizer que é difícil de explicar – mas, sim, as pessoas disseram coisas do tipo: acesso à saúde é um privilégio, não um direito.

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Conheça os prós e os contras da reforma da saúde aprovada pelo congresso americano
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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deve sancionar hoje a re­­forma do sistema de saúde, de­­fi­­nida por ele como "uma vitória do povo americano’’, "após quase cem anos de debate e frustração’’. Mas a aprovação da nova leg­islação, que aconteceu na ma­­drugada de on­­tem sem nenhum voto republicano, representou o início de uma no­­­­­­va batalha contra os democratas.

Ontem, a oposição foi rápida ao divulgar declarações de repúdio à reforma, ameaçando anulá-la e, principalmente, usá-la contra os democratas nas eleições legislativas de novembro. Pes­­quisas feitas antes da votação mostravam que a maior parte dos americanos desaprova a re­­forma.

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A oposição não ficará restrita ao discurso: em ao menos 30 estados, republicanos já apresentaram projetos para tentar limitar pontos da reforma por meio de emendas locais. Procuradores de ao menos três estados também já anunciaram que questionarão a constitucionalidade da lei.

E, hoje, congressistas do partido prometem tomar todas as me­­didas possíveis para atrapalhar a aprovação, no Senado, de um pa­­cote de emendas orçamentárias que ainda imporá mu­­danças à reforma – que só de­­pende da as­­sinatura do presidente para vigorar, mas que po­­de ter regras afetadas ou adiadas pelas emendas.

O líder republicano no Sena­­do, Mitch McConnell (Kentucky), afirmou que as emendas piorariam ainda mais a reforma já aprovada.

"Os líderes democratas querem que a gente pegue a lei que passou pelo Senado em dezembro e que a Câmara votou ontem e faça com que o aumento de im­­postos seja maior ainda’’, criticou.

Em meio a ataques da oposição, os democratas pediram trégua. "É hora de nos acalmarmos, republicanos", apelou o deputado Bob Filner, da Califórnia.

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O porta-voz da Presidência, Ro­­bert Gibbs, reconheceu que "haverá muitas coisas com as quais teremos de lidar nas próximas semanas, meses e anos para que a reforma seja implementada’’.

Os ataques republicanos são principalmente motivados pela obrigatoriedade do plano para todos os americanos, que pagarão multa caso não respeitem a lei. O presidente chegou a ser chamado de socialista e comunista por defender maior intervenção do governo no setor.

Segundo a nova legislação, todos deverão ter um plano, por meio do empregador ou de subsídios do governo. Segundo o Es­­critório de Orçamento do Con­­gres­­so norte-americano, a reforma custará US$ 938 bilhões em dez anos, mas reduzirá o déficit pú­­blico a longo prazo.

Para Rob Simmons, candidato republicano ao Senado, "Wa­­shington deu um sinal de desprezo ao povo, aumentando a montanha de dívidas que já assombra o futuro das crianças’’.

Além das preocupações políticas, há também o temor de que as ideias aprovadas pelo Congresso mudem radicalmente, depois que a lei entrar em vigor.

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O diretor de políticas de saúde pública do instituto Cato, Mi­­chael Cannon, acredita que dificilmente a lei aprovada no do­­mingo ficará inalterada nos próximos quatro anos.

"Ela cria muitas situações instáveis que o Congresso terá de legislar", afirma ele.