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No final, após todos os votos dos deputados terem sido contados, uma coisa ficou certa: o projeto de reforma da saúde vai se transformar em lei. Esse fato representa que um sistema de saúde universal, para todos, finalmente será realidade nos EUA.

Isso não é algo pequeno. Na verdade, é algo enorme.

As próximas gerações, seus filhos e netos, irão perguntar se um dia houve uma América onde nem todos tinham acesso à saúde. Ao ouvir essa pergunta, você vai balançar a cabeça e dizer que é difícil de explicar – mas, sim, as pessoas disseram coisas do tipo: acesso à saúde é um privilégio, não um direito.

A tarefa para aprovar o projeto não foi fácil. Lembre que a tentativa de Bill Clinton de promover a reforma do sistema de saúde nunca saiu do comitê. Existem grandes diferenças filosóficas entre os dois lados. Existem largas diferenças políticas. E não é fácil dizer onde uma começa e a outra termina.

O que ficou claro é que os oponentes da reforma entenderam, uma vez aprovada, que não existe retorno. O que quer que ouçamos nos desdobramentos da votação de domingo, não irá mudar os fatos.

A História conta a estória aqui. A reforma do sistema de saúde tem chances de se tornar popular, assim como o Medicare e o Seguro Social se tornaram. Os apelos da oposição utilizando a medicina socialista e, pior, o socialismo que aleija e, pior ainda, os corpos de vovozinhas mortas lotando as ruas irão parecer o que sempre foram – retórica política.

Na verdade, você pode acessar o YouTube para ouvir Ronald Reagan argumentando, há muito tempo, contra o advento do Medicare, falando de uma época quando contaríamos a nossos filhos "como um dia foi a vida na América onde os homens eram livres". Os americanos ainda não estão livres deste debate. O Senado irá, em breve, assumir a reconciliação. E, uma vez aprovada a reforma, ninguém espera que a discussão acabe.

Todos concordam que algo deve ser feito para corrigir os problemas do Medicare e do Medicaid. Mas não há acordo sobre o que fazer. Todos concordam que os custos devem ser mais controlados. Ninguém concorda em como. Existem grandes problemas que demandam grandes soluções.

Se pudermos tirar uma lição do debate, é de que grandes problemas podem ser enfrentados, nem que seja ocasionalmente.

De acordo com o comitê do orçamento, 32 milhões de pessoas que não possuem seguro atualmente estarão cobertas até o fim da década.

O fim da descriminação também permite que as pessoas mudem de emprego sem temer perder seus planos de saúde. E as empresas de seguro não poderão se livrar dos segurados e seus planos por terem uma doença crônica e precisarem usar seus seguros.

Estas são grandes mudanças. Conseguir um subsídio para quem não pode pagar pela saúde é um grande avanço. E minha opinião é que táticas do medo sobre outras mudanças não vão mais parecer tão amedrontadoras.

Os segurados do Medicare não terão cortes em seus benefícios. Eles não verão o chamado "buraco negro" devorar seus planos. As pe­­­­quenas empresas ganharão créditos fiscais por estender planos de saúde aos seus funcionários e os pais poderão agora manter seus filhos como dependentes dos planos de saúde até a idade de 26 anos.

Ficarei muito interessado em ver o quanto os republicanos irão combater a reconciliação no Senado. Não existe muito que se ganhar com combates quando a coisa começa a parecer mais obstrução do que luta.

Não existe muito o que ganhar quando alguém chama Bart Stupak (deputado) de "assassino de bebês", o mesmo democrata antiaborto que segurou a aprovação da lei até o último minuto.

Mas ninguém irá lembrar dessa noite pelos nomes que os políticos foram chamados. Ela será lembrada pela votação de 219 a 212 que aprovou a lei que pode ser considerada, seguramente, um marco histórico.

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