Obama escolhe Leon Panetta para chefiar a CIA
O presidente-eleito dos EUA, Barack Obama, escolheu o ex-chefe de gabinete da Casa Branca Leon Panetta para dirigir a CIA, disseram fontes democratas nesta segunda-feira (5).
A direção da agência de inteligência era um dos últimos cargos de primeiro escalão ainda vagos no governo Obama, que começa no dia 20.
Panetta tem relativamente pouca experiência em questões de segurança nacional. Depois de passar 16 anos no Congresso, ficou conhecido no governo Bill Clinton por lidar com os déficits orçamentários da época.
Ele foi membro do Grupo de Estudos do Iraque, comissão bipartidária que recomendou, em 2007, uma redução gradual do contingente na ocupação daquele país - tese ignorada pelo governo Bush, que ao invés disso enviou reforços.
Panetta sucederá a Michael Hayden, criticado por alguns políticos democratas e por grupos de direitos humanos por defender as táticas de combate ao terrorismo do governo Bush.
Nos últimos oito anos, a CIA se envolveu em diversas polêmicas, a começar pelas falhas no serviço de inteligência que propiciaram os atentados de 11 de setembro de 2001, e os erros nas informações sobre armas de destruição em massa, que justificaram a guerra do Iraque.
A CIA também sofre críticas por usar métodos brutais de interrogatórios contra suspeitos de terrorismo, como a simulação de afogamentos, e por transferir secretamente presos para países que sabidamente praticam a tortura, ou então por manter prisões secretas no exterior.
Obama promete "pôr um fim claro na tortura" e "restaurar" o equilíbrio entre a segurança e as proteções constitucionais.
Depois de deixar a Casa Branca, Panetta dirigiu um centro de políticas públicas da Universidade Estadual da Califórnia, em Monterrey, e ocupou outros cargos no sistema universitário do Estado. Também participa dos conselhos de direção de diversas empresas e entidades.
A indicação de Panetta pode agradar ativistas liberais, que consideraram "belicosas" demais as escolhas de Obama para outros cargos ligados à segurança nacional.
Fontes dizem que Obama escolheu o almirante da reserva Dennis Blair para a coordenação de inteligência dos EUA, o que significa ter supervisão sobre a CIA e outras agências do setor.
O general da reserva dos Marines James Jones será o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, e o secretário de Defesa do governo Bush, Robert Gates, deve permanecer no cargo.
Fonte: Reuters
O governador do Novo México, Bill Richardson, recusou sua nomeação para secretário de Comércio de eleito Barack Obama.
Através de um comunicado, Obama disse ter aceitado a desistência de Richardson com "profundo pesar".
A rede NBC reproduziu um comunicado de Richardson em que ele justifica a recusa devido à uma investigação em andamento sobre uma empresa que fez negócios com seu Estado. O governador disse ao site da NBC não ter cometido irregularidades, mas afirmou que a investigação causaria atrasos no processo de confirmação.
Richardson, de 61 anos, foi embaixador norte-americano na ONU e secretário de Energia da administração Clinton. Ele apoiou Obama após desistir da pré-candidatura do Partido Democrata.
O governador é o primeiro dos escolhidos para o futuro gabinete a recusar a indicação. Obama e a equipe tomarão posse no dia 20 de janeiro.
"Deixe-me dizer inequivocadamente que eu e minha administração agimos adequadamente em todos os assuntos e que essa investigação vai confirmar esse fato. Mas eu concluí que a investigação em andamento também provocaria um atraso insustentável no processo de confirmação", disse Richardson em um comunicado divulgado pela equipe de transição de Obama.
"É também devido a esse senso de urgência sobre o trabalho do Departamento de Comércio que eu pedi ao presidente eleito para não levar adiante a minha nomeação desta vez. Eu o faço com grande tristeza. Mas uma investigação sobre uma companhia com negócios com o governo do Estado de Novo México promete se estender por várias semanas, talvez, meses", adicionou Richardson em seu comunicado.
Equipe de Bill Clinton
O presidente eleito indicou nesta segunda-feira (5) quatro advogados que atuaram no governo de Bill Clinton para cargos importantes no Departamento de Justiça.
Entre os escolhidos está Elena Kagan, reitora da Universidade Harvard desde 2003, que será a primeira mulher no cargo de advogada geral da União (encarregada de representar o governo junto à Suprema Corte). Ela trabalhou no governo Clinton e foi colega de Obama na Escola de Direito da Universidade de Chicago, na década de 1990. A jurista, de 48 anos, vinha sendo cotada para uma futura vaga na Suprema Corte.
Como advogada-geral, ela terá participação importante em um caso que tramita na Suprema Corte sobre a possibilidade de o governo norte-americano manter suspeitos de terrorismo presos por tempo indeterminado e sem acusação formal.
Embora Obama seja contra a conduta da atual administração na "guerra ao terrorismo" e prometa desativar a prisão de Guantánamo, o futuro governo ainda não se manifestou sobre as prisões.
Obama também indicou o advogado David Ogden, de Washington, para o cargo de sub-secretário de Justiça; Tom Perrelli, ex-colega de Obama na Faculdade de Direito de Harvard, como secretário-adjunto de Justiça; e Dawn Johnson como secretária-assistente para o Departamento de Assessoria Jurídica.
Ogden, Perrelli e Johnson ocuparam vários cargos importantes no Departamento de Justiça durante o governo Clinton, e participaram ativamente da equipe de transição de Obama.
"Esses indivíduos trazem a integridade, a profundidade de experiência e a tenacidade que o Departamento de Justiça exige nestes tempos incertos", disse Obama em nota.
Todos os cargos precisam de confirmação do Senado.
No mês passado, Obama já havia indicado Eric Holder, que fora sub-secretário no governo Clinton, para o cargo de secretário de Justiça. A sabatina dele no Senado foi marcada para o dia 15.