O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu ao governo iraniano neste sábado que pare "com todas as ações violentas e injustas contra seu próprio povo", em meio aos protestos no país contra suposta fraude na eleição da semana passada.
"O governo iraniano precisa entender que o mundo está assistindo. Nós lamentamos cada vida inocente que é perdida", disse Obama por meio de um comunicado.
"Os direitos universais e a liberdade de expressão precisam ser respeitados, e os Estados Unidos ficam do lado de todos que procuram exercer esses direitos."
Os comentários mais veementes de Obama até agora sobre a crise no governo do Irã aparecem depois de o líder oposicionista Mirhossein Mousavi dizer que está "pronto para o martírio", de acordo com um dos seus aliados, na liderança dos protestos que fizeram o líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, alertar para o risco de derramamento de sangue.
Tropas de choque da polícia aplicaram a força em Teerã neste sábado, usando gás lacrimogêneo e jatos de água para dispersar os manifestantes, embora a multidão nas ruas, estimada entre 2 mil e 3 mil pessoas, seja muito menor que nas passeatas anteriores.
Segundo autoridades da Casa Branca, Obama, que novamente evitou comentar a política iraniana diretamente nem falou se a eleição foi justa ou não, recebeu informes do setor de inteligência ao longo do dia sobre a situação no Irã. Ele também se reuniu com seus assessores mais importantes.
"Pedimos ao governo iraniano que pare com todas as ações violentas e injustas contra seu próprio povo", declarou Obama.
Obama tem se equilibrado numa linha estreita para comentar a eleição, buscando evitar o que possa ser visto como "intromissão" na política iraniana. No entanto, ele enfrenta pressão de alguns republicanos para ser um defensor mais vocal dos manifestantes contra o presidente conservador do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que teve declarada vitória por ampla maioria.
Desde que assumiu o cargo em janeiro, Obama aliviou o tom na diplomacia dos EUA para o Irã, buscando diálogo com o governo com o qual Washington rompeu relações pouco após a revolução Islâmica, que derrubou o Xá apoiado pelos norte-americanos.
Nos últimos anos, Washington acusou o Irã de dar apoio ao terrorismo e buscar armas nucleares. Teerã diz que seu programa nuclear é pacífico e que as forças dos EUA no Iraque e no Afeganistão geram instabilidade regional.