Em 2008, em Berlim, Barack Obama prometeu aproximação com os europeus| Foto: Tobias Schwarz/Reuters

Pretensão brasileira na ONU deve ficar de lado

Entre os assuntos a serem tratados por Barack Obama e Dilma Rousseff, há pelo menos um que deve ser evitado pela chancelaria norte-americana: a inclusão do Brasil como membro definitivo do Conselho de Segurança (CS) das Organizações das Nações Unidas (ONU).

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Dilma oferecerá jantar íntimo

As famílias Obama e Rousseff devem participar de um jantar íntimo no Palácio da Alvorada, no dia 19, durante a passagem do presidente norte-americano pelo Brasil.

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O presidente dos Estados Uni­dos, Barack Obama, vai usar a visita ao Brasil, daqui a dez dias, como uma espécie de tribuna para falar a toda América Latina e transmitir uma mensagem de cooperação. Mais do que tratar de assuntos bilaterais com a presidente Dilma Roussef (PT), Barack Obama deve investir na aproximação entre seu país e o continente e, desta forma, afastar a ideia de que a região tem sido deixada de lado pela Casa Branca nos últimos anos.

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Segundo as chancelarias dos dois países, a visita tem como objetivo oficial o debate sobre comércio bilateral e o aprofundamento de discussões relacionadas aos conflitos no mundo árabe. Também deve entrar na pauta a situação do Haiti, onde o Brasil comanda a missão das Nações Unidas para a estabilização do país. Mas especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo afirmam que Obama deve endereçar uma mensagem a toda região.

"Obama usará o Brasil como tribuna para falar à América Latina. Na verdade, ele acha que o Brasil pode ajudar a melhorar as relações entre os EUA e o continente, com especial atenção aos países que fazem parte da América do Sul", revela David Fleischer, professor de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB). Na opinião de Fleischer, os norte-americanos acreditam que o Brasil tem, de fato, o poder de influenciar outros países da região. "O Brasil ‘puxaria o cordão’, seguido de perto pelos vizinhos", completa.

Para Tullo Vigevani, professor de Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para os estudos sobre os Estados Unidos (INCT-Ineu), a visita de Obama tem também um outro objetivo. "Obama vem sendo criticado por alguns setores dos EUA por não dar atenção suficiente à América Latina. Esta viagem quer sinalizar que essa não é uma região desprezada pelos EUA", avalia.

Vigevani admite que há também objetivos mais específicos, mas que se trata basicamente de uma estratégia norte-americana para confirmar que os EUA são um país com interesses globais – portanto, a América Latina é também importante.

Momento

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Os especialistas divergem, porém, sobre a escolha do momento da visita. David Fleischer acredita que a vinda de Obama está relacionada à mudança no governo. "Dilma já disse diversas vezes, direta e indiretamente, que quer melhorar a relação do Brasil com os EUA. Ela quer aproximar mais os dois países", afirma o professor da UnB.

Vigevani, de outro lado, não relaciona a vinda de Obama à mudança no Planalto. "Eu não acredito que uma atitude mais comedida da presidente Dilma – que corresponde a formas pessoais de comportamento – signifique uma modificação substantiva na linha de política internacional do Brasil."

Comércio

Além de aproximar os países, o encontro entre os presidentes Barack Obama e Dilma Rousseff é visto como extremamente produtivo no aspecto comercial.

Segundo David Fleischer, da UnB, a questão da bitributação é um problema para ambos. "Uma empresa americana que opera no Brasil precisa pagar impostos nos dois países e vice-versa. Tanto para as empresas norte-americanas quanto para as brasileiras a bitributação é vista como algo ruim, porque são duplamente tributadas", pondera Fleischer.

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A passagem pelo Brasil faz parte do "tour" latino-americano de Obama, que ainda inclui Chile e El Salvador. No primeiro dia de sua visita por aqui, o norte-americano encontrará a presidente Dilma em Brasília. No dia seguinte, no Rio de Janeiro, deverá visitar uma favela pacificada e fazer um discurso público, em local ainda a definir.