O candidato de esquerda que perdeu a acirrada eleição presidencial da semana passada no México apresentou na segunda-feira uma suposta prova em vídeo de que houve fraude e não garantiu que aceitará a decisão judicial sobre o resultado.

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Andrés Manuel López Obrador, ex-prefeito da Cidade do México, pediu a um tribunal eleitoral que anule a vitória de Felipe Calderón, do Partido Ação Nacional (PAN), que teve menos de 1 ponto percentual de vantagem na recontagem dos votos.

López Obrador também pede a seus seguidores que participem de manifestações nesta semana para denunciar a suposta manipulação em prol do adversário.

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Usando um telão do seu comitê eleitoral, López Obrador exibiu dois vídeos amadores que, segundo ele, foram enviados por simpatizantes para comprovar as fraudes em 2 de julho.

Um vídeo mostra um suposto eleitor do PAN no Estado de Guanajuato (centro) enchendo uma urna das eleições parlamentares, ocorridas no mesmo dia da presidencial.

O outro vídeo, gravado no vizinho Estado de Querétaro durante a recontagem dos votos a presidente, mostra o que parece ser um mesário recusando-se a apurar uma urna que mais tarde demonstrou ter discrepâncias em favor de Calderón.

- É uma fraude no velho estilo - disse López Obrador, sorridente e animado, a jornalistas, acrescentando que casos similares ocorreram em todo o país. - Tenho certeza de que as pessoas não vão permitir este abuso - disse ele, repetindo a reivindicação de uma recontagem voto a voto.

Fraudes eleitorais foram comuns no México durante os 71 anos de governos do Partido Revolucionário Institucional (PRI), que terminaram em 2000, com a vitória de Vicente Fox (PAN) na eleição presidencial.

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Na semana passada, uma equipe de observadores europeus disse que não houve fraudes graves nesta eleição. Governantes estrangeiros, como o americano George W. Bush e o espanhol José Luis Rodríguez Zapatero, telefonaram para Calderón cumprimentando-o pela vitória.

López Obrador pediu que simpatizantes de todo o país se dirijam à Cidade do México na quarta-feira e convocou uma nova manifestação para a capital no próximo domingo.

No domingo passado, ele entrou na Justiça contra o resultado da eleição. Assessores diziam que López Obrador iria aceitar a decisão do Tribunal Federal Eleitoral, mas na segunda-feira o candidato foi evasivo.

- Vamos esperar para ver - disse ele em entrevista coletiva, afirmou em resposta a uma questão. - Vamos esperar o resultado - repetiu a outro jornalista, que insistia na pergunta.

Os mercados financeiros temem a ocorrência de enormes manifestações dos eleitores de esquerda. Mas um porta-voz do governo Fox afastou a hipótese de turbulências.

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- Não prevemos um surto de violência - disse Rubén Aguilar. "Os organizadores disseram que estas manifestações vão ficar dentro da lei e serão pacíficas."