O conservador Felipe Calderón venceu a eleição presidencial de domingo no México, mas seu adversário esquerdista promete contestar o resultado na Justiça e nas ruas. A diferença de votos foi muito pequena, de apenas 0,57%.Calderón, formado em Harvard, obteve 35,88% dos votos, contra 35,31% de Andrés Manuel López Obrador, um combativo ex-prefeito da capital, segundo os resultados oficiais divulgados na quinta-feira.
López Obrador disse que a votação teve irregularidades e prometeu recorrer ao tribunal eleitoral. Além disso, convocou seus seguidores para uma manifestação no sábado no Zócalo, a enorme praça central da Cidade do México.
Muitos temem que o país mergulhe no mesmo caos institucional visto pelos EUA na eleição de 2000, disputada por George W. Bush e Al Gore.
- Não podemos reconhecer nem aceitar esses resultados - disse López Obrador.
Já Calderón, mais relaxado, participou de uma ruidosa festa na sede do seu partido, o PAN, e imediatamente pediu a seus adversários que esqueçam as bravatas da campanha.
- Se a disputa ficar para trás, nossas diferenças ficarão para trás. Agora é hora de unidade e concórdia entre os mexicanos - disse Calderón, ex-ministro da Energia, tido como favorito pelos mercados financeiros.
Calderón, 43 anos, deve ser um aliado dos Estados Unidos na América Latina, onde há governos de esquerda em diversos países, como Argentina, Brasil e Venezuela.
No terreno doméstico, promete combater a criminalidade e o tráfico de drogas. Defende ainda mais investimentos estrangeiros, reformas de mercado e incentivos à construção civil para criar milhões de empregos.
Os mercados não esconderam a satisfação com o resultado. A Bolsa mexicana subiu 2,7%, e o peso se valorizou 1,6% frente ao dólar.
Em Pensil, um dilapidado bairro operário da capital, reduto de López Obrador, o ambiente era mais pesado. Eleitores de esquerda se reuniam nas portas das casas e nas esquinas protestando contra as autoridades eleitorais e o partido de Calderón.
López Obrador passou a maior parte de quarta-feira liderando a recontagem dos votos, mas a chegada de resultados de redutos conservadores do norte e oeste do país garantiu a virada para Calderón.
Centenas de seguidores, muitos deles jovens de terno e jeans de grife, lotaram a sede do PAN para brindar com champanhe e tequila.
A apertada vitória e os meses de acusações mútuas entre esquerda e direita fazem com que muitos temam semanas de disputas jurídicas e manifestações nas ruas a partir de agora.
- Se for preciso revolução, haverá revolução. Ele é o único que quis ajudar o povo - disse Guadalupe Tellez, 53 anos, que chorava diante do modesto apartamento onde vive López Obrador.
López Obrador passou quase toda a campanha à frente nas pesquisas, mas Calderón reduziu a diferença ao acusá-lo de ser um perigo para a estabilidade econômica e compará-lo ao presidente antiamericano da Venezuela, Hugo Chávez.
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