O candidato da oposição à Presidência do México, Andrés Manuel López Obrador, recusou-se na quinta-feira a aceitar os resultados da apuração, que dão uma estreita vantagem ao governista Felipe Calderón, e decidiu contestar o resultado na Justiça.
López Obrador, ex-prefeito da Cidade do México, estava menos de 1 ponto percentual atrás de Calderón na recontagem dos votos da eleição de domingo, mas já não tinha como alcançar o conservador.
O candidato da esquerda afirmou que houve irregularidades na recontagem e convocou uma manifestação popular para sábado, na praça principal da capital, a Zocalo.
- Não podemos reconhecer nem aceitar esses resultados. Há muitas irregularidades - disse ele numa entrevista coletiva.
López Obrador afirmou que vai levar seus questionamentos ao tribunal eleitoral máximo do México, o que significa que a batalha judicial pode se arrastar até o início de setembro.
A convocação para a manifestação na praça Zocalo, que tem capacidade para mais de 100 mil pessoas, causou temores de que haja protestos generalizados nas ruas, além de mais instabilidade, que será agravada se o país tiver de esperar semanas por decisões judiciais, como aconteceu nos Estados Unidos em 2000.
O candidato esquerdista disse que pedirá ao tribunal uma nova recontagem, voto a voto, e não pelas atas de apuração, como normalmente são feitas as recontagens no México, afirmou o chefe de sua campanha, Jesus Ortega.
O Tribunal Federal Eleitoral tem até o dia 6 de setembro para declarar um vencedor oficial das eleições. A decisão do tribunal é definitiva.
A apuração preliminar deu a vitória a Calderón com 0,6 ponto percentual de vantagem. A recontagem, que estava praticamente concluída na quinta-feira, dava ao governista a vitória por uma margem ainda menor, mas inalcançável.
Calderón comemorou o resultado, mas não chegou a declarar sua vitória.
Para López Obrador, a recontagem foi feita rápido demais para ser precisa. Ele também lançou dúvidas sobre a imparcialidade do Instituto Federal Eleitoral (IFE).
- Ninguém pode se declarar vencedor - disse ele. - Há sérias dúvidas sobre o modo como o IFE agiu.
A esquerda mexicana afirma que as eleições presidenciais de 1988 foram roubadas por manipulações do governo para ajudar seu próprio candidato.
Cerca de 200 pessoas reuniam-se diante da sede da campanha de López Obrador para manifestar seu apoio. O esquerdista tem grande popularidade na capital. Como prefeito, ele criou uma pensão de pouco menos de US$ 70 ao mês para os idosos e aliviou o tráfego construindo uma pista adicional para uma via movimentada. Ele deixou a prefeitura da Cidade do México no ano passado, para se candidatar à Presidência.