Pessoas aguardam em fila para poder retirar dinheiro em agência bancária em Caracas| Foto: FEDERICO PARRA/AFP

Após três horas de debate do Conselho Permanente da OEA (Organização dos Estados Americanos) a respeito da crise venezuelana, o secretário-geral da instituição, Luís Almagro, anunciou que montará um grupo de trabalho e iniciará a captação de recursos financeiros para tratar do tema.

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 A reunião de urgência em Washington, nesta quarta. foi convocada para tratar do intenso fluxo migratório que sai da Venezuela rumo aos países vizinhos, onerando as regiões fronteiriças. Não há detalhes de como o dinheiro será arrecadado ou partilhado. O grupo de trabalho será coordenado por David Smolansky, opositor do regime de Nicolás Maduro exilado nos EUA, e avaliará a crise, identificando fluxos migratórios e as necessidades dos deslocados. 

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 Em seu discurso, o embaixador Fernando Simas Magalhães, representante do Brasil junto à OEA, afirmou que a restauração da democracia no país vizinho é a única solução duradoura para a questão. Isso depende "da realização de eleições livres, transparentes e com a participação sem restrições da oposição", disse. 

 "Seria um passo essencial para o início da normalização política, econômica e social que todos nós desejamos", afirmou, exortando Caracas a aceitar a assistência de vários países e organizações, algo que Maduro se nega a fazer. 

 O embaixador da Venezuela, Samuel Moncada, afirmou que a OEA quer "infringir danos" a seu país e que "endossa agressores".  Alegou, ainda, que o Brasil não paga uma dívida com a Venezuela "porque os Estados Unidos" bloqueiam o país. Ele se referiu à conta da Eletrobras com a estatal venezuelana Corpoelec. A companhia de brasileira alega problema operacional para transferir os recursos, já que o sistema cambial do país vizinho é caótico. 

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 Moncada também questionou o silêncio dos membros da OEA em relação ao suposto atentado contra o ditador venezuelano Nicolás Maduro, no início de agosto, e à ameaça de invasão do país por parte dos Estados Unidos, ventilada pelo presidente Donald Trump em duas ocasiões. 

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 O representante dos Estados Unidos na reunião, Alexis Ludwig, respondeu que a acusação se tratava de uma tentativa desesperada "de negar a realidade e distrair as pessoas da realidade inegável: a magnitude da crise da Venezuela". 

 O encontro ocorre dois dias depois de representantes de 13 países da América Latina se reunirem no Equador para debater formas de regularizar os imigrantes venezuelanos e obter fundos para atender ao êxodo provocado pela crise profunda no país. Desde 2015, cerca de 1,6 milhão de venezuelanos emigraram, segundo a ONU. Maduro contestou os dados e afirmou que saíram 600 mil nos últimos dois anos. O Brasil recebeu cerca de 120 mil venezuelanos, sendo que metade continua no país.