Rebeldes mataram 23 soldados sírios nesta segunda-feira na cidade de Rastan, segundo uma entidade de direitos humanos da oposição, em uma nova violação da trégua intermediada pela ONU.
Nenhum veículo estatal confirmou os números até agora, mas se as informações forem verdadeiras, o episódio marca uma das maiores perdas do Exército durante os 14 meses de revolta na Síria.
A cidade, a 25 quilômetros ao norte de Homs, é um campo de recrutamento para sunitas que fornece a maior parte da mão de obra no serviço militar, que é dominada por autoridades do governo Assad da minoria alauíta.
A oposição ao presidente Bashar al Assad diz que a cidade foi bombardeada pelo Exército, com saldo de nove mortos - inclusive um comandante rebelde local.
Em seguida, os rebeldes reagiram em combates nos arredores de Rastan, cidade que fica 25 quilômetros ao norte de Homs e que já mudou várias vezes de controle do governo para a oposição desde o início da rebelião contra Assad, em março de 2011.
O bombardeio começou no domingo e se intensificou durante a noite, segundo ativistas. "Morteiros e foguetes estão atingindo a cidade desde 3h (21h de domingo em Brasília), ao ritmo de um por minuto. Rastan está destruída", disse à Reuters por telefone satelital um membro do Exército Sírio Livre (ESL, força rebelde), pedindo anonimato.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos, com sede na Grã-Bretanha, disse que combates começaram ao alvorecer, e que os rebeldes destruíram três veículos blindados de transporte de tropas, além de apreenderem outros dois e capturarem cerca de 15 soldados.
Restrições do governo ao trabalho da imprensa dificultam a confirmação dos relatos sobre o confronto, que marca uma nova violação da trégua implantada há um mês por iniciativa do enviado internacional Kofi Annan.
A rebelião síria envolve principalmente a maioria sunita do país, em contraposição à minoritária seita alauita, à qual Assad e a cúpula militar pertencem.
Rastan sempre forneceu muitos recrutas sunitas para as Forças Armadas, e alguns oficiais oriundos da cidade passaram a desertar depois de as forças de segurança matarem dezenas de manifestantes locais e prenderem pessoas conhecidas.
"Rastan foi destruída", disse um membro do Exército Livre Sírio na cidade que não quis ser identificado. Ele disse que entre os mortos estava Ahmad Ayoub, comandante do Exército Livre Sírio cujos combatentes estavam lutando contra as forças do Exército que, segundo ele, eram constituídas por unidades de elite e membros da Inteligência Militar.
A região foi cenário, no ano passado, do primeiro confronto armado sério entre desertores e forças legalistas. Os militares pró-Assad em várias ocasiões retomaram o controle de Rastan, mas a cidade continua caindo nas mãos dos rebeldes.
Sua topografia e sua localização estratégica ajudam os desertores a realizarem ataques a ônibus militares e postos de controle mantidos pela inteligência militar e por milícias pró-Assad, segundo ativistas da oposição.
Rastan fica cerca de 180 quilômetros ao norte de Damasco, entre plantações à beira do rio Orontes, e junto à rodovia que leva a Aleppo.
Líbano
Já no norte do Líbano, confrontos entre grupos hostis e adeptos à revolta na Síria deixaram pelo menos três mortos neste domingo.
O Conselho Nacional Sírio afirmou nesta segunda-feira que não participará das conversas comandadas pela Liga Árabe sobre o país. "O Conselho Nacional Sírio não vai ao encontro no Cairo porque a Liga Árabe não convidou o grupo como um representante oficial e sim como indivíduos", disse Ahmed Ramadan, um dos líderes do grupo.
Outro membro do grupo, Radwan Ziadeh, disse que a Liga Árabe falhou na promessa de envolver o conselho - que está se reunindo na Itália para tentar unir seus comandos e decidir sua liderança - nas preparações para as rodadas de conversa.
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