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Ofensivas na Síria dificultam que ONU amplie presença de observadores

Grupo carrega caixão de suposta vítima dos recentes ataques na região de Qamishli, no norte da Síria | AFP
Grupo carrega caixão de suposta vítima dos recentes ataques na região de Qamishli, no norte da Síria (Foto: AFP)

A continuidade das ofensivas na Síria por parte das forças de segurança dificulta que o Conselho de Segurança da ONU autorize o envio de mais observadores ao país árabe, onde a primeira equipe de supervisores enfrenta inúmeras dificuldades para comprovar o cessar-fogo.

A presidente de turno do principal órgão internacional de segurança, a embaixadora americana Susan Rice, afirmou nesta quarta-feira (18) que a missão avançada de observadores no país tem "dificuldades para operar com a liberdade necessária" e pôs em dúvida que exista atualmente as condições necessárias para a presença de mais observadores.

"Não se deve ter conclusão alguma sobre se as condições serão adequadas para o desdobramento da fase seguinte de observadores, enquanto o Conselho espera ainda receber a proposta do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para desdobrar uma missão completa no país", revelou a diplomata.

Estava previsto que Ban, quem retornou nesta quarta de uma viagem à Europa, entregasse sua proposta ao Conselho, mas agora deve fazê-lo na última hora do dia e por meio de uma carta dirigida à Presidência do Conselho de Segurança, que corresponde aos Estados Unidos em abril.

Nesta quinta-feira (19) os membros do Conselho avaliarão com detenção o que o secretário-geral vai propor para articular a presença de um grupo amplo de observadores que comprovem o respeito ao cessar-fogo na Síria, segundo contempla o plano de paz do enviado especial Kofi Annan estipulado pelas partes.

O Conselho de Segurança espera as instruções de Ban com inquietação, já que, como destacou a embaixadora americana, para levar adiante com o plano de Annan e com o primeiro desdobramento dos observadores "deve haver uma cessação sustentada da violência".

Para Rice, o pequeno contingente de observadores que opera há três dias no país sob mandato da ONU deve ter "a capacidade de operar e movimentar-se livremente e sem impedimentos" pela Síria.

"Acho que há razões em ambos os pontos para estarmos preocupados, por isso que até o momento não existem as condições necessárias", afirmou a presidente de turno do Conselho de Segurança, quem não quis avaliar o número de 250 observadores que várias fontes citam que vão constar na proposta de Ban.

Intenção

O próprio Ban declarou na segunda-feira na Europa sua intenção de propor esse número "apesar de não ser suficiente", por isso que Rice pediu para esperar e conhecer a ideia concreta para determinar se os 250 observadores comporiam a missão completa da ONU ou bem seria parte "da segunda fase" do desdobramento.

Esse número é, por outra parte, o que a Síria considera adequado, como defendeu em Pequim o ministro das Relações Exteriores sírio, Walid Muallem. Ele disse que gostaria que os novos observadores fossem provenientes de países como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, as nações mais reticentes em condenar a Síria.

Por enquanto, a equipe inicial de observadores militares não armados das Nações Unidas, dirigido pelo coronel marroquino Ahmed Himmiche, está na Síria pelo terceiro dia consecutivo supervisionando a aplicação do plano de paz de Annan.

Enquanto isso, a violência persiste no país, como foi possível sentir, entre outras partes, em Erbin, povoado próximo a Damasco e visitado também nesta quarta pela missão avançada de observadores, embora não vazou (informação) se a equipe presenciou a troca de fogo no local.

Apesar de sua presença, as forças governamentais lançaram nesta quarta-feira ataques e praticaram detenções de rebeldes em Homs (centro), Idlib (norte), Deraa (sul) e nos arredores de Damasco, conforme o Observatório Sírio de Direitos Humanos e os opositores Comitês de Coordenação Local.

Diante dessa situação, cresce a preocupação entre os membros do Conselho, já que não querem arriscar-se e a missão acabar fracassando, como já ocorreu com o componente que a Liga Árabe enviou ao país no começo do ano.

Proposta

Com esse cenário de fundo, o principal órgão de decisão da ONU prepara-se para analisar na quinta-feira às 10h (de Brasília) a proposta de Ban, junto ao francês Jean-Marie Guéhenno, assistente de Annan, e o guatemalteco Edmond Mulet, representante do Departamento de Operações de Paz das Nações Unidas (DPKO).

O Conselho não tomará nenhuma medida para colocar em prática a proposta de Ban até a próxima semana, quando receba um novo relatório de Kofi Annan sobre a evolução da situação na Síria, onde, desde que começaram os protestos contra o regime de Assad, mais de 9 mil pessoas morreram, segundo a ONU.

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