Claras intenções de Olmert de aceitar condições em troca da paz com os inimigos do país| Foto: Uriel Sinai / Reuters

Israel terá de renunciar a grande parte da Cisjordânia e a Jerusalém Oriental se quiser a paz com os palestinos, afirmou o primeiro-ministro Ehud Olmert em entrevista de despedida do cargo publicada nesta segunda-feira (29).

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Israel encontra-se diante de uma decisão difícil e que precisa ser tomada rapidamente, declarou Olmert, que renunciou ao cargo em meio a denúncias de corrupção, na entrevista concedida ao jornal local Yediot Ahronot.

O primeiro-ministro, que durante seu governo retomou as negociações com os palestinos e com a Síria, também observou que Israel terá de abrir mão das Colinas de Golã caso deseje a paz com Damasco.

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Os comentários de Olmert foram interpretados como um claro sinal de sua vontade de aceitar tais condições em troca da paz com os inimigos do país.

A relevância das declarações, no entanto, não é clara ainda, uma vez que Olmert ocupa agora interinamente a chefia de governo e as negociações de paz serão conduzidas por quem o suceder.

"Temos de chegar a um acordo com os palestinos, o que significa termos de nos retirar de quase todos os territórios, se não de todos", prosseguiu Olmert, que até pouco tempo atrás dizia-se contrário a uma retirada tão ampla, especialmente no que diz respeito a Jerusalém Oriental.

Os palestinos exigem a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e o tradicionalmente árabe leste de Jerusalém para fundar uma nação independente. Todos esses territórios foram ocupados por Israel durante a Guerra dos Seis Dias, travada em 1967. Israel abandonou a Faixa de Gaza em 2005, mas ainda mantém o controle da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental.

Olmert destacou que Israel manteria "uma porcentagem" da Cisjordânia, mas teria que ceder aos palestinos uma quantidade equivalente de território israelense, pois sem tais concessões "não haverá paz".

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Ele também defendeu que Israel abandone parte de Jerusalém Oriental, onde os palestinos pretendem fundar a capital de um futuro Estado independente. Segundo Olmert, Israel não poderia manter o controle sobre os mais de 200.000 palestinos que moram ali.

Como prefeito de Jerusalém e um parlamentar linha-dura no passado, Olmert se opôs a qualquer acordo com os palestinos sobre o status futuro da cidade santa, além de encorajar a construção de blocos de apartamentos para moradores judeus no setor leste da cidade, para cimentar o controle israelense.

"Eu fui o primeiro a querer garantir a soberania israelense sobre a cidade inteira. Eu admito isso", disse Olmert. O primeiro-ministro que deixa o cargo disse que durante décadas ele não se preparou para "olhar a realidade com profundidade".

Olmert foi criticado hoje mesmo pela oposição. O deputado Silvam Shalom, do Partido Likud (direita), chamou Olmert de "ingênuo". Olmert fez parte do Likud até 2005, quando deixou o partido e ajudou a fundar o Partido Kadima (centro), junto ao seu mentor, Ariel Sharon.

Olmert deixa o cargo no dia em que os israelenses celebram o Ano Novo Judaico, o chamado Rosh Hashaná. As informações são da Associated Press.

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