Apesar do retrocesso que o assassinato de Bin Laden representou em relação à importância das normas e da cooperação internacional, já que os EUA não sofrerão quaisquer represálias por quebrar princípios fundamentais de Direito, a interdependência continua sendo a principal força das relações internacionais. Todos os Estados estão interligados por laços econômicos, culturais, sociais e políticos, sendo que qualquer crise internacional, independentemente de sua dimensão, influencia, em menor ou maior grau, a totalidade dos países do globo.
Os atuais debates da Europa acerca de alterações nas leis de imigração são reflexos, ainda, da crise que se iniciou em 2008 e que levou à forte retração da economia mundial. Países desenvolvidos passaram a sofrer com o desemprego, o que levou seus nacionais a aceitarem posições inferiores, em que competem com imigrantes ilegais assim, a imigração passou a ser vista como problema mais sério. Além disso, como os países em desenvolvimento também sofreram com a crise, suas populações adotaram duas posturas: protestaram contra os regimes vigentes, o que levou a uma grande onda democrática, e passaram a buscar melhores oportunidades em países ricos, o que elevou a patamares mais altos a contrariedade dos europeus em relação aos estrangeiros.
O que os países desenvolvidos precisam perceber, portanto, é que a atual onda migratória de países pobres para ricos não tem origem simples e regionalizada. O problema tem causas globais sistêmicas e, por isso, somente pode ser solucionado por medidas que reflitam esforços globais e que nasçam de uma ampla cooperação internacional.
A solução passa pelo auxílio dos ricos aos pobres, por políticas conjuntamente construídas e pela maior participação dos países em desenvolvimento nas organizações internacionais. Apesar de esse projeto parecer utópico, somente respostas baseadas nessas premissas significarão mais do que medidas paliativas, que não surtirão qualquer efeito no longo prazo.