Atualizado em 14/10/2006 às 17h10
Os 15 membros do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovaram por unanimidade a resolução com sanções contra a Coréia do Norte por causa dos testes nucleares anunciados no início da semana. A reação da Coréia do Norte foi imediata.
O embaixador norte-coreano nas Nações Unidas, Pak Gil Yon, disse ao Conselho que seu país rejeitou "totalmente" a resolução e que Pyongyang fez um teste nuclear por causa das "políticas hostis" dos Estados Unidos.
- Se os Estados Unidos aumentarem a pressão, a Coréia do Norte continuará a tomar contramedidas físicas, considerando-a uma declaração de guerra - ameaçou o embaixador.
O documento não autoriza ações militares como opção imediata, mas permite que as nações inspecionem cargas chegando e saindo do país para checar se há armas de destruição em massa ou equipamentos relacionados.
A medida foi adotada após os Estados Unidos, Reino Unido e França terem feito algumas mudanças no texto para adequá-lo às objeções de última hora feitas pela Rússia e pela China.
A resolução, de número 1718, no entanto, estabelece que as fiscalizações de cargas não serão obrigatórias e serão feitas somente se necessárias. O texto determina ainda o embargo à venda de equipamentos e tecnologias ao programa nuclear norte-coreano. Outra determinação é de que a Coréia do Norte volte imediatamente à mesa de negociações que visam o cancelamento do programa nuclear.
A resolução impõe ainda o embargo aos artigos de luxo como uma forma de penalizar a elite do país. O acordo para o texto final foi alcançado na tarde deste sábado após reunião a portas fechadas do Conselho de Segurança.
O embaixador americano na Organização das Nações Unidas (ONU), John Bolton, afirmou, logo após a aprovação, que a medida é uma mensagem clara a quem quer participar da proliferação de armas de destruição em massa.
- Hoje estamos enviando uma mensagem forte e clara à Coréia do Norte e a outros possíveis (países) proliferativos (de armas nucleares) dizendo que haverá sérias repercussões se continuarem buscando armas de destruição em massa - afirmou Bolton.
O rascunho do texto foi preparado pelos Estados Unidos, mas houve mudanças principalmente para adequar a medida às exigências de China e Rússia. Na sexta-feira, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou, que seu governo e a China se opõem a "sanções extremas" contra a Coréia do Norte.Bush: Coréia do Norte precisa enfrentar 'reais conseqüências'
Antes da votação, em seu programa semanal de rádio neste sábado, pela manhã, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, incitou as potências mundiais a aprovar as sanções contra a Coréia do Norte, dizendo que Pyongyang precisa enfrentar "reais conseqüências" pelo teste com armas nucleares:
- Com suas ações nesta semana, o regime da Coréia do Norte quebrou mais uma vez sua palavra, provocou uma crise internacional e tirou de seu povo a oportunidade de uma vida melhor.
O presidente americano acrescentou:
- Nações ao redor do mundo, incluindo nosssos parceiros no Grupo dos Seis, concordam na necessidade por uma resolução forte do Conselho de Segurança para obrigar a Coréia do Norte a desmantelar seu programa nuclear - afirmou.
EUA teria provas preliminares dos teste atômico
Na sexta-feira, uma autoridade americana confirmou, segundo a rede de TV CNN, que o governo dos Estados Unidos já teria provas preliminares de radioatividade em amostras de ar coletadas próximas a um suposto local onde a Coréia do Norte teria realizado um teste nuclear.
Ainda não há anúncio oficial do Pentágono sobre as provas, e, segundo uma fonte da "CNN", são necessárias análises mais profundas das amostras. As amostras de ar foram retiradas na última quarta-feira por um avião equipado especialmente para o exame quando sobrevoava o mar do Japão.
Apesar das dúvidas em torno do ocorrido, Washington insiste que o simples fato de Pyongyang ter anunciado o sucesso de seu teste nuclear supõe uma ameaça para a segurança e estabilidade mundial.
Condoleezza vai à Ásia na semana que vem
Na sexta-feira, secretaria de Estado dos Estados Unidos anunciou que a secretária, Condoleezza Rice, viajará para Japão, Coréia do Sul e China na próxima semana para discutir como responder ao anunciado teste nuclear da Coréia do Norte.
O porta-voz do departamento de Estado americano, Sean McCormack, informou que "a secretária Rice viajará com um programa de paradas em Tóquio, Seul e Pequim a partir da próxima terça-feira" e que a viagem dela não prevê Coréia do Norte.
Ele disse que é uma oportunidade para Rice "ter um pouco mais de conversas com os países da região sobre a situação atual, sobre a situação de segurança e também, principalmente, sobre não-proliferação de armas nucleares".
Também na sexta-feira, o Movimento dos Países Não-Alinhados pediu à Coréia do Norte, um dos seus 118 integrantes, que suspenda seus testes nucleares. O grupo de países do Terceiro Mundo presidido por Cuba disse que "a questão nuclear coreana" deve ser resolvida pacificamente, com a retomada das negociações, paralisadas há um ano.
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