Centenas de grupos armados operam atualmente na Síria e facções de ideologia extremista, particularmente o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), cometem atrocidades cada vez maiores, segundo a comissão investigadora da ONU sobre as violações dos direitos humanos no país, órgão presidido pelo diplomata brasileiro Paulo Sergio Pinheiro.
"Combatentes estrangeiros ingressaram na Síria, incorporando-se frequentemente aos batalhões mais extremistas. Os grupos armados se organizam em coalizões, enquanto as tensões pelo controle político, dos recursos e ideológico persistem", segundo um relatório apresentado nesta terça-feira ao Conselho de Direitos Humanos da ONU (CDH).
Na etapa mais recente da guerra civil, que começou há três anos com revoltas civis a favor da democracia, os grupos radicais aumentaram atos como execuções em massa de detidos, torturas e a utilização de crianças no conflito.
A comissão apresentou uma versão mais atualizada de seu último relatório, que cobre o período de 20 de janeiro até o dia 10 de março de 2014.
Por meio da descrição detalhada de vários crimes contra civis, os membros da comissão denunciaram que os combatentes do EIIL se igual às forças governamentais em relação à gravidade de seus abusos.
Pinheiro afirmou que as rivalidades entre grupos rebeldes levaram a uma escalada da violência entre as facções no norte e noroeste da Síria.
A comissão acusa os grupos armados radicais, em diferentes passagens do documento, de crimes de guerra.
A Frente Síria Revolucionária, a Frente Islâmica e o Exército Mujahedin tomaram em janeiro o controle de bases do EIIL no norte, depois que o Estado Islâmico do Iraque e do Levante praticou uma execução em massa de detidos.
De acordo com o relatório, o EIIL, quando percebe uma derrota, seleciona prisioneiros e os mata no mesmo local onde estão detidos ou em algum lugar próximo.
A comissão também relata o uso por parte desse grupo extremista de um hospital infantil como base de operações e centro de detenção, assim como a utilização de menores no conflito, em funções como combatentes ou mensageiros.
O EIIL transformou em comuns -segundo os fatos documentados pela comissão da ONU- métodos terroristas como uso de carros-bomba e ataques suicidas contra alvos civis.
No relatório, a comissão denuncia também o governo por lançar ataques -incluído barris repletos de explosivos lançados do ar- "sem fazer nenhum esforço por distinguir civis e alvos militares".
Em relação aos ataques, "o governo não adverte antes e há poucas possibilidade de se afastar da área sobre a qual se lança o barril, geralmente de helicópteros".
O governo também é acusado de continuar praticando a tortura em seus centros de detenção.
Além disso, ambas as partes envolvidas no conflito utilizam o cerco militar e o bloqueio de áreas civis em suas estratégias que, finalmente, impactam principalmente os civis.
As forças oficiais mantêm seu cerco sobre Moadamiya, áreas periféricas de Damasco, o centro histórico de Homs e o restabeleceu no campo de refugiados palestinos de Yarmouk, onde residentes passaram por uma situação de fome extrema.
Por sua parte, os grupos radicais "cortaram o abastecimento de água e eletricidade de zonas civis como uma tática militar".
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