A ONU denunciou nesta sexta-feira (6) que está há "meses" recebendo ameaças de diferentes grupos na Síria e confirmou que 11 funcionários da organização internacional já morreram desde o início do conflito.
"Nas últimas semanas e meses fizemos frente às ameaças de diferentes fontes, morreram voluntários e funcionários das Nações Unidas e outros foram sequestrados", declarou hoje a subsecretária geral da ONU para Assuntos Humanitários, Valerie Amos.
Valerie, que falou com a imprensa na sede da ONU através de uma videoconferência desde o Líbano após uma visita a Damasco, confirmou a morte de 11 funcionários da ONU na Síria nesses dois últimos anos e meio, ressaltando que levaram "muito a sério" todas as ameaças que receberam.
"Há desafios relacionados à situação de segurança no terreno, mas nas conversas que tive com nossos funcionários alcançamos um compromisso sério de continuar nossas operações", disse Valerie, que acrescentou que a ONU leva em consideração a segurança de seu pessoal.
A chefe humanitária da ONU detalhou que existem 4,5 mil empregados do organismo trabalhando "em zonas controladas pelo governo e pela oposição", reiterando que os mesmos expressaram seu compromisso de seguir no país apesar das ameaças recebidas e do risco iminente.
Valerie concluiu ontem uma visita à Síria na qual teve oportunidade de manter encontros "positivos" com as autoridades para abordar a crise humanitária, além dos "desafios administrativos" que estão encontrando para dar assistência aos afetados pelo conflito.
No entanto, a chefe humanitária da ONU reconheceu que não pôde visitar a zona de Guta Oriental, situada na periferia de Damasco, onde ocorreu o suposto ataque químico do último dia 21 de agosto. Segundo a oposição, cerca de 1,5 mil pessoas morreram neste ataque.
Por outro lado, Valerie advertiu que a crise humanitária é de uma escala "raramente vista", com mais de 100 mil mortos, 4 milhões de deslocados internos e 2 milhões de refugiados nos países vizinhos, enquanto um terço da população segue necessitando de ajuda.
A chefe humanitária da ONU, que agora se encontra no Líbano, teve hoje um encontro com o primeiro-ministro do país, Tamam Salam, quem lhe transmitiu sua preocupação em torno do aumento do número de refugiados. Segundo Salam, uma em cada cinco pessoas no Líbano é síria.
Em seu discurso, Valerie ressaltou que este fluxo de refugiados vem causando um impacto "social e econômico" considerável no Líbano, cujas autoridades temem que os números aumentem ainda mais e, por isso, voltaram a pedir o apoio da comunidade internacional.
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